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:: Depoimentos - IDART 30 Anos<br />

que não dá, desconfie do próximo, o mundo é mau, é cão, que se prega<br />

ultimamente. Eu queria fazer a pesquisa a partir daí. Eu quero fazer uma<br />

pesquisa, mas não vale de nada eu querer, se... Eu acho que a grande<br />

questão quando você junta um grupo é tesão. Sem tesão, você não<br />

consegue fazer nada. Muito menos num trabalho de pesquisa, quando<br />

você junta pessoas e as deixa batalhando por não se sabe o quê. Pode<br />

não sair nada. Para as pessoas se manterem motivadas, elas têm que dar<br />

seu depoimento, compartilhar suas inquietações. O que elas querem falar<br />

naquele momento? A gente tem que encontrar um ponto comum. Qual é<br />

o ponto comum? Quando o grupo se transforma em um organismo vivo,<br />

ele começa a pulsar, emanando um calor que serve de combustível <strong>para</strong><br />

a criação. Não existe coincidência. Se um grupo se reúne, por algo será,<br />

ele tem algo pra contar, a gente está aprendendo, de alguma maneira...<br />

Agora, eu comecei a ouvir... eu adoro aprender, já aprendi muito d<strong>aqui</strong>lo<br />

que meus companheiros estavam contando.<br />

24<br />

A gente reuniu um grupo: do que queremos falar? Eu quero falar sobre<br />

sombra, esses pensamentos que nos cerceiam, que nos impedem de voar.<br />

Nenhum trabalho tem receita preestabelecida. Já tive uma experiência<br />

parecida. Vamos trabalhar o corpo e vamos ver o que os corpos dessas<br />

pessoas querem me contar. O papel do diretor nada mais é do que criar<br />

condições, criar um terreno fértil <strong>para</strong> que o ator floresça, cada um no<br />

seu tempo. Criar, dar músicas, dar uma ambientação. É como brincar de<br />

faz-de-conta: o mais importante da brincadeira é reunir os amigos e<br />

estabelecer que aquele coqueiro é a árvore venenosa; aquela mangueira é<br />

a árvore onde você vai encontrar o antídoto do veneno. Você estabelece<br />

determinadas regras: se eu olhar duas vezes, você vira estátua. A gente<br />

tem que estabelecer condições <strong>para</strong> a brincadeira acontecer. Foi o que<br />

fiz. Para minha surpresa, quanto mais eu pedia silêncio e só o movimento<br />

dos corpos, mais os atores falavam; era um grupo tagarela. Eu estava<br />

querendo investir muito mais no teatro silencioso, em que só o essencial<br />

é dito, mas eles falavam pelos cotovelos, não posso negar que é um grupo<br />

que gosta da palavra, então, não precisaria encontrar um texto quando<br />

a peça estivesse pronta. O que a gente descobriu durante esse primeiro<br />

processo de pesquisa foram os personagens. Não surgiu peça nenhuma,<br />

mas surgiram personagens riquíssimos, com histórias <strong>para</strong>doxais, com

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