21segmentos sociais começaram a fazer uso <strong>de</strong>le, quer política ou economicamente. Percebeu-seque o rádio, indistintamente, atingia todos os níveis sociais e econômicos, além <strong>de</strong> interagircom pessoas <strong>de</strong> diferentes graus <strong>de</strong> instrução. Assim sendo, esses aspectos tornaram-no umforte instrumento <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, pois o mesmo passaria a ser usado com muita finalida<strong>de</strong>,incluindo-se aí a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> propagar valores éticos e morais, além <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>rinformações que possam conferir vantagens a <strong>de</strong>terminados grupos sociais.Interessa ao presente estudo, ainda, inserir a essas reflexões a apropriação do rádiocomo instrumento para a aquisição do conhecimento. Para <strong>de</strong>stacar esse argumento,consi<strong>de</strong>ra-se significativo registrar que, conforme a pesquisa <strong>de</strong> Piovesan (2004), Roquette-Pinto e seu grupo, ao edificarem a rádio, e animados com essa façanha, criam um slogan paraa emissora que expressa o i<strong>de</strong>alismo em prol da educação, da cultura e do progresso; dizemeles que seria necessário trabalhar pela cultura dos que vivem em nossa terra como tambémzelar pelo progresso do país. Assim sendo, o discurso <strong>de</strong> sua gênese apresenta o rádio comoa escola dos que não têm escola. É o jornal <strong>de</strong> quem não sabe ler; é o mestre <strong>de</strong>quem não po<strong>de</strong> ir à escola; é o divertimento gratuito do pobre; é o animador <strong>de</strong>novas esperanças, o consolador dos enfermos e o guia dos sãos – <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que orealizem com espírito altruísta e elevado (PIOVESAN, 2004, p. 36).Dessa forma, o discurso que o propaga atribui ao rádio a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> instruir osque não têm acesso aos meios convencionais <strong>de</strong> conhecimento e, por que não dizer, que étambém ‘capaz <strong>de</strong> consolar aqueles que, sozinhos, necessitam <strong>de</strong> palavras <strong>de</strong> conforto’(grifodo pesquisador).Nesse período <strong>de</strong> estruturação, o rádio constitui-se como espetáculo das massas,saindo <strong>de</strong> amadorismos para uma dinâmica mais atraente e contagiante. Para isso é <strong>de</strong>fundamental importância o protagonismo <strong>de</strong> César La<strong>de</strong>ira 6 e Adhemar Casé. 7Já o uso político do rádio ganha força em 1932, na Era Vargas. 8 A Rádio Record,<strong>de</strong> São Paulo, caracteriza-se como a maior oponente do governo. Conforme o relato <strong>de</strong>Ferraretto,678Era conhecido como Voz da Constituição nacionalista. Organizou a Rádio Record <strong>de</strong> São Paulo <strong>de</strong> umaforma profissional, com remuneração mensal.Ex-ven<strong>de</strong>dor <strong>de</strong> receptores <strong>de</strong> rádio aluga um horário da Rádio Phillips, do Rio <strong>de</strong> Janeiro, aos domingos ànoite, e transforma o “Programa do Case” em uma das principais atrações <strong>de</strong> radio do país.É importante lembrar que, dois anos antes, um grupo <strong>de</strong> revolucionários no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, divulgou seusmanifestos na Radio Socieda<strong>de</strong> Gaúcha.
22A Rádio Record li<strong>de</strong>ra, assim, as transmissões contrárias ao governo Vargas, usandoem larga escala o rádio com finalida<strong>de</strong> política. É, no entanto, o regime implantadoem 1930 que vai transformar o veículo em instrumento i<strong>de</strong>ológico. Dentro da lógicados revolucionários <strong>de</strong> 30, a radiodifusão serve para consolidar uma unida<strong>de</strong>nacional necessária à mo<strong>de</strong>rnização do país e para reforçar a conciliação entre asdiversas classes sociais (FERRARETTO, 2001, p. 107).Logo, a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e sua utilida<strong>de</strong> são traduzidas a partir do discurso <strong>de</strong> que orádio contribuiria a uma possível “unida<strong>de</strong> nacional”. O Estado Nacional cria em 22 <strong>de</strong> julho<strong>de</strong> 1935 o programa Hora do Brasil (mais tar<strong>de</strong>, receberia o nome <strong>de</strong> A Voz do Brasil) com ointuito <strong>de</strong> disseminar o discurso das ações do governo, pois o gran<strong>de</strong> objetivo era propagarenunciados que <strong>de</strong>stacassem os feitos da administração pública fe<strong>de</strong>ral. Tal aspecto po<strong>de</strong> sertambém agregado ao pensamento <strong>de</strong> Bhabha (2003), quando afirma que a compreensão danacionalida<strong>de</strong> dá-se como uma estratégia <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação cultural e <strong>de</strong> interpelação discursivana qual o Estado a inscreveria, nesse caso a propagaria através das ondas do rádio. O referidoprograma não só se mantém no ar por muitos anos, como também se torna obrigatório noperíodo da ditadura militar, indo ao ar das 18h45 às 19h30.Cabe ressaltar que, principalmente durante o Estado Novo (1937-1945), o rádioganharia força no seu uso político e i<strong>de</strong>ológico. Segundo Ferraretto (2001), é criado, em 1939,o Departamento <strong>de</strong> Imprensa e Propaganda (DIP), em substituição ao Departamento Nacional<strong>de</strong> Propaganda e Difusão Cultural, ampliando assim os po<strong>de</strong>res <strong>de</strong> censura sobre aprogramação das rádios. “A programação radiofônica passa a ser controlada com a colocação<strong>de</strong> censores em cada emissora. Assuntos como reivindicações trabalhistas, presos políticos,organizações estudantis, passeatas ou críticas ao governo eram terminantemente proibidos”(FERRARETTO, 2001, p. 108).O uso <strong>de</strong>ste veículo <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa, projetado pelos seus i<strong>de</strong>alizadorestambém como uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formação, cultura e lazer, passava a servir <strong>de</strong> legitimação<strong>de</strong> opressão, abuso <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e autoritarismo do governo. O fim da censura prévia e do DIP,viria somente muitos anos <strong>de</strong>pois com a re<strong>de</strong>mocratização do país a partir do governo <strong>de</strong> JoãoBatista <strong>de</strong> Oliveira Figueiredo, <strong>de</strong> 1979 a 1985.Assim, o rádio vai, com o tempo, construindo e consolidando seu caminho,agregando diferentes discursos para a apreensão <strong>de</strong> sua utilida<strong>de</strong> e, por conseguinte, tambémdisseminando diferentes discursos. Inúmeras emissoras vão se espalhando pelo territórionacional. Por conta disso, esse veículo <strong>de</strong> comunicação começa a ganhar espaço nos diversosrecantos do país. Dessa forma, o rádio propagava a comunicação e passava a ser usado para
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