47Faz-se assim oportuno <strong>de</strong>stacar a materialida<strong>de</strong> da voz que advém, por sua vez, docorpo do intérprete e adquire um relevante papel. Sobre esse aspecto, <strong>de</strong>staca-se que conformeH. U. Gumbrecht (1998) a “materialida<strong>de</strong> da comunicação”, <strong>de</strong>ntro das quais é possívelincluir como um dos elementos constitutivos, no caso da linguagem radiofônica, o locutorcomo corpo do intérprete. Do locutor se origina a voz que também po<strong>de</strong> ser percebida comomaterialida<strong>de</strong>. Cabe ressaltar que seriam o tom e o timbre que permitem reconhecer o materialque compõe o corpo sonoro e ainda com a maneira como se produz esse som. A forma daexpressão, através dos tons e timbres, matiza a voz enquanto materialida<strong>de</strong>. Pelo tom e pelotimbre, avaliam-se a origem <strong>de</strong> uma interpretação, ou seja, se ocorre ou não uma participaçãocorpórea efetiva. Estas ações no rádio são mais importantes, já que, a <strong>de</strong>codificação, conformecitado, se efetua no presente, através da memória auditiva e as mensagens não possuempermanência no tempo e nem no espaço.Embora não seja reconhecido por vários estudiosos como elemento componenteda linguagem sonora radiofônica, o silêncio possui uma força interpretativa inegável. Ortiz eMarchamalo (1997) afirmam que ele traduz significado intermediário entre a presença e aausência. Po<strong>de</strong> ser rápido ou <strong>de</strong> duração lenta. O rápido, durante a transmissão <strong>de</strong> umamensagem jornalística, por exemplo, se associa ao <strong>de</strong>senvolvimento linear do materiallinguístico que o locutor expressa com a palavra, inferior a segundos e unido às vacilaçõessemânticas e gramaticais do texto narrativo. O silêncio lento se i<strong>de</strong>ntifica com o processo <strong>de</strong><strong>de</strong>codificação da mensagem com interpretação e reflexão. O silêncio po<strong>de</strong> se referir, portanto,a pausas intencionais que provocam uma interação verbal comunicativa.A música, como já mencionado, po<strong>de</strong> representar dois tipos diferentes <strong>de</strong>mensagem: uma <strong>de</strong> conteúdo emocional, relacionado às sensações, e outro do tipoconvencional, como por exemplo, a marcha nupcial <strong>de</strong> Men<strong>de</strong>lsohn, que se associaria,inconscientemente, a uma cerimônia <strong>de</strong> casamento.Os efeitos sonoros, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da forma como forem utilizados, po<strong>de</strong>m <strong>de</strong> umamaneira <strong>de</strong>scritiva, ilustrar o texto ou <strong>de</strong>terminada situação da narrativa <strong>de</strong> forma realista. Já apalavra é, na maioria das vezes, o principal elemento sonoro da criação radiofônica, em tornoda qual se articula todo o resto do processo comunicativo: a dicção, o tom e o timbre da vozacentuam <strong>de</strong>terminado tipo <strong>de</strong> mensagem e seu significado 31 . Nesse sentido, os autores Ortiz e31A entonação da voz do locutor, o ritmo mais lento e o uso do timbre mais grave durante a enunciação damorte <strong>de</strong> uma personalida<strong>de</strong> ou do registro <strong>de</strong> uma tragédia, por exemplo, colaboram para <strong>de</strong>spertar noreceptor o sentido <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> uma imagem sobre o fato.
48Marchamalo apontam para uma abordagem que po<strong>de</strong> ser realista ou conceitual. Acerca daprimeira, diz o autor querealista o <strong>de</strong>scriptivo es aquel en que los distintos elementos se combinan para ofreceruna secuencia sonora <strong>de</strong> tipo <strong>de</strong>scriptivo y, por tanto, imitativa <strong>de</strong> la realidad. [...]Montaje conceptual, más que ambientes sonoros, preten<strong>de</strong> recrear atmósferas osensaciones. Los efectos y músicas utilizados no respon<strong>de</strong>n a la trasncripción sonoraobjetiva <strong>de</strong> la realidad, sino que aportan otro tipo <strong>de</strong> códigos <strong>de</strong> carácter emocional oanímico 32 (ORTIZ; MARCHAMALO, 1997, p. 74).A montagem radiofônica é baseada no principal recurso da linguagem do veículo:a palavra. Esta realiza a própria existência do homem. Conforme Bakhtin, “as palavras sãotecidas a partir <strong>de</strong> uma multidão <strong>de</strong> fios i<strong>de</strong>ológicos e servem <strong>de</strong> trama a todas as relaçõessociais em todos os domínios [...]. A palavra é capaz <strong>de</strong> registrar fases transitórias maisíntimas, mais efêmeras das mudanças sociais. [...]” (Bakhtin, 1995, p. 41). Como umamanifestação linguística, a palavra i<strong>de</strong>ntifica e inventa o homem. A palavra conceitualizadatraz à cena questões culturais, pois cada época e socieda<strong>de</strong> possuem seu repertório <strong>de</strong> formas<strong>de</strong> discurso na comunicação sócio i<strong>de</strong>ológica. Tudo isso transforma o sentido, influencia nas<strong>de</strong>cisões do ouvinte. A palavra como elemento que inventa Deus 33A montagem conceitual estaria relacionada ao recurso sonoro da música e dosefeitos sonoros que buscam construir, assim como a palavra, situações ligadas ao emocionaldo receptor.A função principal da montagem radiofônica, portanto, é converter em imagenssonoras os textos ou situações contidas no roteiro. Para uma melhor compreensão damensagem radiofônica, a utilização dos elementos sonoros: a palavra, os efeitos e a músicanão só enriquecem o texto, como também, permitem ao ouvinte construir uma cena que irá seconcretizar com os dados oferecidos no <strong>de</strong>correr da narração. Assim, para que uma sequêncianarrativa possa evocar a compreensão, é indispensável na realização da montagem selecionara<strong>de</strong>quadamente os efeitos e fazer interpretação do texto.O planejamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada montagem radiofônica requer o conhecimento doque se quer transmitir, bem como para quem a mensagem será <strong>de</strong>stinada e com que objetivo;3233Montagem realista ou <strong>de</strong>scritiva é aquela que os distintos elementos se combinam para oferecer umasequência sonora <strong>de</strong> caráter <strong>de</strong>scritivo e, portanto, imitando a realida<strong>de</strong>. Montagem conceitual mais queambiente sonoros, preten<strong>de</strong> recriar atmosferas ou sensações. Os efeitos e músicas utilizados não respon<strong>de</strong>mà transcrição sonora objetiva da realida<strong>de</strong>, mas produzem outro tipo <strong>de</strong> códigos <strong>de</strong> caráter emocional ouanímico (Tradução do pesquisador).Bíblia Sagrada, Evangelho <strong>de</strong> São João 1,1: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e oVerbo era Deus."
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