63Enten<strong>de</strong>-se conceitualmente por i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> uma construção simbólica. A construçãoda i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> também está relacionada à apreensão e interpretação da realida<strong>de</strong>, uma vez queé um processo <strong>de</strong> representação simbólica, uma tentativa <strong>de</strong> compreensão <strong>de</strong> sua própriaposição no mundo. Cultura, por sua vez, enten<strong>de</strong>-se como o conhecimento que a pessoapossui, por pertencer a <strong>de</strong>terminada socieda<strong>de</strong>. O conhecimento seria tanto o saber prático,quanto o saber se algo <strong>de</strong>ve ser feito <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada maneira para obter <strong>de</strong>terminadoresultado.Ao se pensar i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> como construção simbólica e cultura como conhecimentoadquirido entre as relações sociais, ou seja, no espaço <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada socieda<strong>de</strong>, caberiaressaltar que, <strong>de</strong> acordo com Geertz (1989), a relação espacial permite o estabelecimento comas coisas e as pessoas em territórios da vida cotidiana, que interagem através do tempo daspercepções imediatas, da memória e do imaginário, produzem padrões culturais particulares,que organizam ou até mesmo tecem complexas teias <strong>de</strong> significações. Logo, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> ecultura refletem-se e são refletidas no espaço <strong>de</strong> relações/negociações das socieda<strong>de</strong>s, através<strong>de</strong> suas diferentes linguagens, em conjunto e individualmente.Geertz ainda comenta que tais teias <strong>de</strong> significações não <strong>de</strong>finem o humano pelosaspectos universais e similares (e, logo, pelas culturas universais e similares produzidas poresta humanida<strong>de</strong>), mas que somente nos processos relacionais, em que pessoas e gruposinteragem, é que se compreen<strong>de</strong>riam os sentidos culturais da natureza humana. Pois, namedida em que as pessoas ao procurarem os sentidos <strong>de</strong> (que) suas ações, nos seus espaçosparticulares <strong>de</strong> existência, vão mo<strong>de</strong>lando os seus respectivos padrões culturais. Explicita,<strong>de</strong>sta maneira, que a linguagem faz-se <strong>de</strong>terminante para ser colocada, em cena, a existência<strong>de</strong> diferentes padrões culturais, os quais diante da incomensurável localida<strong>de</strong> específica <strong>de</strong>sistemas culturais, só po<strong>de</strong>riam ser captados e compreendidos no contexto particular dosindivíduos ou no território <strong>de</strong> suas vidas cotidianas, i<strong>de</strong>ntificando estes padrões particulares,como a “essência” <strong>de</strong> nossa humanida<strong>de</strong>.De acordo com Hobsbawm e Ranger, “Parece que o elemento crucial foi a invenção <strong>de</strong>sinais <strong>de</strong> associação a uma agremiação que continham toda uma carga simbólica e emocional,ao invés da criação <strong>de</strong> estatutos e do estabelecimento <strong>de</strong> objetivos da associação”(HOBSBAWM, E.; RANGER, T., 1984, p. 19). Logo, as práticas tradicionais existentesforam revistas, ritualizadas e (re)inseridas no contexto social com finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> servir aosnúmero) ou quando sua substância é uma. É, portanto, evi<strong>de</strong>nte que a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> qualquer modo é umaunida<strong>de</strong>, seja porque a unida<strong>de</strong> se refira a uma única coisa, consi<strong>de</strong>rada como duas, como acontece quando sediz que a coisa é idêntica a si mesma." (ARISTÓTELES apud ABBAGNANO, 1982, p. 503).
64propósitos nacionais. As manifestações culturais em suas linguagens (verbais e não-verbais)servem como rituais alicerçados nos quais dialogam passado antigo e sua continuida<strong>de</strong> querpela história oficial, quer pela lenda invenção. Assim sendo, a cultura, ao se fazer emergirpelas linguagens, promove elementos <strong>de</strong>marcadores das nacionalida<strong>de</strong>s, etnias, religiosida<strong>de</strong>s,<strong>de</strong>ntre outros.No que tange às manifestações culturais, atentando para a formação <strong>de</strong> uma culturanacional, po<strong>de</strong>-se afirmar que esta, por sua vez, advém <strong>de</strong> símbolos e imagens oficiais geradoscom fins a “personificar” a nação. Como exemplo, po<strong>de</strong>mos citar, segundo Hall, (2000) acriação <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong> alfabetização que generalizavam uma única língua vernácula comomeio dominante <strong>de</strong> comunicação em toda a nação. A fundação <strong>de</strong> um Estado próprio e oidioma comum são, pois, elementos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m política e cultural <strong>de</strong> fundamental relevânciapara o sentimento <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> nacional, pois o primeiro é fundamental como condição <strong>de</strong>existência <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> política, e o segundo assume dimensões imprescindíveis em faceda formação da cultura nacional.Sobre a nacionalida<strong>de</strong>, Bhabha (2003) também propõe a compreensão danacionalida<strong>de</strong> como uma estratégia <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação cultural e <strong>de</strong> interpelação discursiva queos Estados utilizam com o intuito <strong>de</strong> legitimar sua atuação e inscrevê-la como fruto <strong>de</strong> umavonta<strong>de</strong> coletiva ao mesmo tempo em que transformam o povo em sujeito partícipe dasentida<strong>de</strong>s políticas. Com o mote <strong>de</strong> <strong>de</strong>linear ou simbolizar a coesão social, <strong>de</strong> legitimarinstituições, status e relações <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>, ou inculcar padrões comportamentais é que foraminventadas as tradições em face do construto do Nacionalismo.As diferenças regionais e étnicas foram gradualmente sendo colocadas sob o Estadonação,que se tornou referência <strong>de</strong> significados para as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s culturais mo<strong>de</strong>rnas.Conforme Ernst Gellner, na medida em que “o nacionalismo é essencialmente, umprincípio político que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que a unida<strong>de</strong> nacional e a unida<strong>de</strong> política <strong>de</strong>vemcorrespon<strong>de</strong>r uma à outra” (GELLNER, 1998, p. 11), a crítica da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> coesão culturalacarreta a necessária revisão teórica acerca do conceito <strong>de</strong> nação, que é <strong>de</strong>snaturalizado etratado como artifício, e não como essência imemorial.Logo, para Benedict An<strong>de</strong>rson (1989), o nacionalismo passa a ser percebido – aomenos no âmbito teórico, já que a nação como valor social não só se faz presente como pareceganhar um novo impulso na contemporaneida<strong>de</strong> –, como um suporte para a construção <strong>de</strong>referências específicas e locais, mobilizadas segundo contextos e motivações particulares.Neste sentido, o nacionalismo que homogeneizaria as diferenças culturais sob a égi<strong>de</strong><strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> nacional não encontra território propício diante do sincretismo das mediações
- Page 1 and 2:
UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARI
- Page 3 and 4:
2LEONIR ALVESANÁLISE DE ASPECTOS D
- Page 5 and 6:
4AGRADECIMENTOSA Deus - autor e pri
- Page 7 and 8:
“Próximo ao meio-dia, diante daq
- Page 9 and 10:
8ABSTRACTABSTRACTThis study present
- Page 11 and 12:
10SUMÁRIO1 INTRODUÇÃO...........
- Page 13 and 14: 12emissora alcança lugares diferen
- Page 15 and 16: 14também grandes atrações cultur
- Page 18 and 19: 171894, o britânico Oliver Lodge d
- Page 20 and 21: 19pelo rádio no jovem país e, no
- Page 22 and 23: 21segmentos sociais começaram a fa
- Page 24 and 25: 23os mais diversos fins. E é no in
- Page 26 and 27: 25veículo que mais se beneficiou d
- Page 28 and 29: 27aconteceram. As igrejas cristãs
- Page 30 and 31: 29Postura crítica, anúncio da ver
- Page 32 and 33: 31Senhora: Miriam é o nome hebraic
- Page 34 and 35: 33Rede Gaúcha Sat 22 que permite a
- Page 36 and 37: 35Com relação às palavras, Bakht
- Page 38 and 39: 37que são elaborados na coletivida
- Page 40 and 41: 39los primeros estudios específica
- Page 42 and 43: 41Na comunicação radiofônica, o
- Page 44 and 45: 43la comprensión de los mensajes s
- Page 46 and 47: 45linguagem radiofônica. Por meio
- Page 48 and 49: 47Faz-se assim oportuno destacar a
- Page 50 and 51: 49além disso, é importante saber
- Page 52 and 53: 51declaraciones grabadas, respetand
- Page 54 and 55: 53sociais, a religião, a ética e
- Page 56 and 57: 55perspectivas, tão abstratas quan
- Page 58 and 59: 57O segundo tipo de reportagem a se
- Page 60 and 61: 59conviverem em harmonia. Nesse sen
- Page 62 and 63: 61O testemunhal é outro formato co
- Page 66 and 67: 65culturais em espaço cultural hí
- Page 68 and 69: 67Cabe mencionar que, em sua histó
- Page 70 and 71: 69Dessa forma, o entrevistador tem
- Page 72 and 73: 714 A LINGUAGEM RADIOFÔNICA: ANÁL
- Page 74 and 75: 73A audiência relevante 49 contrib
- Page 76 and 77: 75Intercalando com a trilha, o locu
- Page 78 and 79: 77Cabe registrar que em todas as ed
- Page 80 and 81: 79editados no estado do Rio Grande
- Page 82 and 83: 81transcrições das falas 56 dos l
- Page 84 and 85: 83informações do mundo. Trilha Lo
- Page 86 and 87: 85“Chuva de verão”(17/01/2009)
- Page 88 and 89: 87“O caso do Papagaio”:(03/01/2
- Page 90 and 91: 89Na edição de 03 de janeiro de 2
- Page 92 and 93: 91dialógico do enunciado, que não
- Page 94 and 95: 93permite aos locutores o “ver ma
- Page 96 and 97: 95interesse de muitos de querer gan
- Page 98 and 99: 97Conforme se destaca a relação a
- Page 100 and 101: 99analisados.Esse aspecto, sim, enc
- Page 102 and 103: 1015 CONSIDERAÇÕES FINAISEste est
- Page 104 and 105: 103Primeiramente avaliou-se que a l
- Page 106 and 107: 105REFERÊNCIASADLER, P.Richard; FI
- Page 108 and 109: 107FILHO, André Barbosa; PIOVESAN,
- Page 110 and 111: 109NEVES, José Luis. Pesquisa qual
- Page 112 and 113: ANEXOS111
- Page 114 and 115:
113ANEXO B - GRADE DE PROGRAMAÇÃO
- Page 116 and 117:
115Antonio: Sim. Primeiro diretor d
- Page 118 and 119:
117Leonir: E a rádio funcionava l
- Page 120 and 121:
119Nataniel: A Rádio Maristela tem