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Modelo de Tese - Unisul

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90No dia 29 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2008, os locutores comentam sobre os telefonemas <strong>de</strong>duas ouvintes, Dona Iolanda e Dona Fátima.“Sauda<strong>de</strong>s do Paulinho.”(29/01/2008) Loc.1: E o ouvinte continua ligando pra Rádio Maristela. Olha só, estetipo <strong>de</strong> serviço! Ariovaldo Rodrigues lembra a coisa mais primitiva, mais remota,‘né’? Até por que estamos na era do computador, do celular, comunicação fácil.Mas, às vezes, tem esses parentes que há muito tempo não se falam. Então acabaacontecendo esse tipo <strong>de</strong> coisa. Olha só, a Dona Iolanda, que ligou prá cá, a DonaFátima, também. Estão com sauda<strong>de</strong>s do Paulinho! Vamos passar para ele, sim, esserecado. Coisa que acontecia muito na Maristela, há um tempo atrás, né, Ariovaldo?Loc.2: É. Vamos falar assim, há cinqüenta anos. Cinqüenta anos atrás, quarenta enove, era o e-mail da época a Rádio Maristela. Loc.1: E não há cinqüenta, vinte anosatrás. Loc.2: Exato Loc.1: On<strong>de</strong> a telefonia aqui na região era precária, né? Loc.2:Isso. Loc.1:– On<strong>de</strong>, aqui em Torres, há vinte e tantos anos atrás, eram menos <strong>de</strong> millinhas. E hoje já estamos olha, já estamos em Torres, com muita casa fechada, temmuito apartamento fechado com linha telefônica fixa. Loc.2: Tem. Está sobrando.Loc.1: Torres tem linha sobrando. Torres tem mais linha que habitantes, pra se teruma idéia. Loc.2:- Fica, uma série <strong>de</strong> telefones, aí’, inativos. Por causa <strong>de</strong> o pessoalque veraneia, principalmente.Ao apresentar as informações sobre os telefonemas, os locutores rememoramsituações vivenciadas por outros locutores na Rádio Maristela. A “cinquentenária” emissora étrazida na memória dos atuais locutores. Neste olhar para o passado os valores também sãorememorados e como que saudados, com possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> virem a tornar-se realida<strong>de</strong>novamente. “A Rádio Maristela era o email da época”, salientando, assim, a importância daemissora no passado, mas não <strong>de</strong>ixando por menos importante o presente. As invenções e oaprimoramento dos veículos <strong>de</strong> comunicação são evi<strong>de</strong>nciados também neste presente.O olhar para o passado, a partir das reflexões do presente, permite que osenunciados traduzam-se também em narrativas, e o lugar da enunciação traz à cena onarrador. Observa-se que a natureza da narrativa, ainda que <strong>de</strong> maneira latente, tem umadimensão utilitária, pois o narrador assume-se como alguém que po<strong>de</strong> aconselhar, baseado emexperiências tecidas na substância <strong>de</strong> sua própria vida. Narrar ao locutor e ao ouvinte osmovimentos <strong>de</strong> tecer e fiar. Enquanto se conta, são tecidas; quando ouvidas, são fiadas para<strong>de</strong>pois, novamente serem tecidas e fiadas.Logo, a rememoração além do caráter narrativo também traduz a existência dosefeitos <strong>de</strong> sentidos a partir <strong>de</strong> construções discursivas <strong>de</strong> modo dinâmico, com a instituiçãohistórico-social. A interação e a avaliação dos diferentes modos <strong>de</strong> veiculação, em diferentestempos, da emissão da mensagem solicitada pelas ouvintes mostram também o caráter

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