85“Chuva <strong>de</strong> verão”(17/01/2009) Loc.1: Este dia <strong>de</strong> chuva! E a chuva se faz necessária também, apóstantos dias <strong>de</strong> sol! Chove pouco neste verão <strong>de</strong> 2008. A chuva se faz necessária nãosó para molhar o solo, mas também para amenizar a temperatura alta que vinha aínos últimos dias. Esse é o programa Bom Dia Litoral, na Maristela AM. TrilhaObserva-se que o dia com chuva em pleno verão, em um município litorâneo,turístico, como o município <strong>de</strong> Torres, para muitos não seria consi<strong>de</strong>rado um ‘bom dia’. Po<strong>de</strong>seafirmar que o enunciado revela uma tentativa do locutor em ‘amenizar’ o contexto que<strong>de</strong>screve, ou <strong>de</strong>stacar a relevância da chuva em uma estação on<strong>de</strong> o calor prevalece. Oenunciado reflete um panorama <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um momento, no qual locutor e ouvinte, comoatores sociais, po<strong>de</strong>m se encontrar i<strong>de</strong>ntificados, on<strong>de</strong> ocorre um possível compartilhar <strong>de</strong>uma mesma cultura e o estabelecimento necessário do diálogo a partir das percepções obtidaspor eles.No dia 03/01/2008, ainda no primeiro bloco, através da participação <strong>de</strong> ouvintepor telefone, observa-se que tal peculiarida<strong>de</strong> também ecoa.“O caso das corujas”(03/01/2008) Ligação Ouvinte: Bom dia, ouvintes do Bom Dia Litoral! A históriadas corujas ‘tá’ virando piada, mas o assunto continua, em re<strong>de</strong> nacional. Noreveillon <strong>de</strong> Capão da Canoa, eu tive a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estar por lá [...] Às 11horas e30minutos, tinha uma banda se apresentando. Quando faltaram uns 5minutos para ameia noite, <strong>de</strong>u a contagem regressiva. E meia noite, todo mundo procurou fogos enão saíram fogos. Daí o que ele fez, Nataniel, Nia e ouvintes? Ele disse: “Gentevocês não acreditam o que a polícia ambiental fez, não <strong>de</strong>ixou soltar os fogos porcausa <strong>de</strong> duas corujinhas. Vamos dar uma vaia pra esse povo.” E botou o microfone[...] E fez o povo todo vaiar, ‘né’. E repetiu: “Os da polícia ambiental, eles não<strong>de</strong>ixaram soltar os fogos, por causa <strong>de</strong> duas corujinhas. Vamos dar uma vaia pra eles<strong>de</strong> novo, ‘né’.” E levou o povo todo, aliás, conseguiu levar, digamos nessa conversa,tirando o verda<strong>de</strong>iro foco. Porque, na minha opinião, respeitando a opinião <strong>de</strong> todos,a gran<strong>de</strong> incompetência foi da Prefeitura <strong>de</strong> Capão da Canoa. Porque tudo bem sãoduas corujinhas, mas com tanto lugar pra colocar os fogos, será que eles não tinhamoutro pra colocar? Loc.2: Ou que removesse as corujas também né? [...] Loc.2: Quecoisa séria.Ligação Ouvinte: E a repercussão que <strong>de</strong>u. A gente tem ouvido muito.Ontem eu vi a notícia, na hora da noite, quando montaram guarda em frente àscorujas agora. [...] Loc.2: Tão dando segurança agora. Ligação Ouvinte: É pra darsegurança às corujas, porque elas viraram agora celebrida<strong>de</strong>, o Nia?Loc.2:Exatamente. Eu tenho aqui, em um dos jornais, algo sobre “As corujas, aqui, <strong>de</strong>Capão da Canoa”.Constata-se que, inicialmente, o ouvinte preten<strong>de</strong> narrar um fato por elepresenciado. Entretanto, no <strong>de</strong>correr do diálogo entre o ouvinte e o locutor, percebe-se aoapresentar também sua opinião sobre o ocorrido, que o enunciado não é um conceito
86meramente formal; um enunciado é sempre um acontecimento. No caso das “corujas”, ele<strong>de</strong>manda uma situação histórica <strong>de</strong>finida, ouvinte/ locutor/ouvinte se encontram i<strong>de</strong>ntificados,o compartilhamento <strong>de</strong> uma mesma cultura e o estabelecimento necessário <strong>de</strong> um diálogo. Osenunciados refletem as opiniões formadas sobre o fato <strong>de</strong>scrito, a <strong>de</strong>marcação temporal eespacial <strong>de</strong>ste e, ao mesmo tempo, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ultrapassar fronteiras - “A história dascorujas tá virando piada, mas continua o assunto em re<strong>de</strong> nacional. O reveillon <strong>de</strong> Capão daCanoa. E eu tive a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estar por lá [...]”. Ao se inserir no programa, constata-seque o ouvinte, em seu enunciado, procura provocar reflexões e respostas.Na continuida<strong>de</strong> da falaLigação ouvinte: É, mas, o que eu achei muito interessante, para análise, como seconsegue, tendo um microfone na mão, formar opinião <strong>de</strong> 100 mil pessoas. Eleconseguiu dar uma virada, pois ninguém pensou que po<strong>de</strong>ria ter sido um ato falho daPrefeitura Municipal. Loc.2: Sim. Ligação ouvinte: Ele conseguiu botar toda aculpa, no pessoal da polícia ambiental, ‘né’.Observa-se que o ouvinte não se limita a narrar o fato, também emite opiniãosobre o acontecido. Assim sendo, po<strong>de</strong>-se refletir sobre o empo<strong>de</strong>ramento que <strong>de</strong>corre daposse do microfone, a partir da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se formar a opinião dos espectadores doevento, conforme <strong>de</strong>staca o ouvinte. Em outras palavras, o po<strong>de</strong>r concedido pelo ‘microfone’- mencionado pelo ouvinte/locutor, como uma crítica ao fato acontecido - também lhe éatribuído no momento em que o mesmo utiliza o da rádio para expressar sua opinião sobre ofato.Desse modo, o ouvinte ocuparia o papel do personagem <strong>de</strong> sua narrativa. Essecontexto conduz a reflexões sobre as posições dos sujeitos no diálogo, sobre sua alternância eseu processo (<strong>de</strong>vir). O diálogo é uma corrente inserida na ca<strong>de</strong>ia infinita <strong>de</strong> enunciados (atos)em que a dúvida leva a outro ato e este a outro, infinitamente. O enunciado afirmado poralguém passa a fazer parte <strong>de</strong> todos os enunciados, numa ca<strong>de</strong>ia infinita. O mundo ético éfluido e concreto, enquanto que a historicida<strong>de</strong> do ser em evento, participante, não é.Observa-se que o enunciado do ouvinte/locutor evi<strong>de</strong>ncia que o centro <strong>de</strong> valores se dá forado humano em toda a humanida<strong>de</strong>, consi<strong>de</strong>rando-se a natureza como centro irradiador daverda<strong>de</strong>. A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> é dada pela alterida<strong>de</strong>. Ironicamente, critica-se o outro a partir domesmo lugar enunciativo.
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