87“O caso do Papagaio”:(03/01/2008) Loc.2: Bom dia! Bom dia, Nataniel Silva! Bom dia ouvintes do Bomdia Litoral, pois no Bom Dia Litoral. Já falamos sobre ‘as corujas’, ali <strong>de</strong> Capão daCanoa, agora outra notícia, aqui, do ‘papagaio’, rapaz, ‘papagaio’, pois o CláudioAdriano Ribeiro, o ‘papagaio’, um dos maiores e conhecido assaltante <strong>de</strong> banco, e<strong>de</strong> carro-forte, do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, garante que vai, aí, cumprir a pena no InstitutoIrmão Miguel Dário, em regime semi-aberto. Aos 41 anos, ele manifestaarrependimento por ter aí protagonizado momentos <strong>de</strong> horror e <strong>de</strong>sespero para suasvítimas e admite, admite, aí, o ‘papagaio’ ter uma boa reserva financeira einvestimentos. Estes incluem um negócio que está em andamento, em uma cida<strong>de</strong>Catarinense. ‘Papagaio’ começou a voar cedo, ‘né’? Começou a voar cedo, por issoestá, aí, bem na parada. Começou a trabalhar muito cedo, pois aos 41 anos tem umaboa reserva financeira. E, agora, <strong>de</strong>ram regime semi-aberto para ele novamente.Na continuida<strong>de</strong>, o locutor 2, a partir da história das corujas, promove articulaçãodo tema para falar sobre outra ave, o papagaio. Entretanto, nessa outra fala, o locutor introduzum assunto completamente distanciado do tema. O “Papagaio”, pseudônimo <strong>de</strong> C. A. R.,agora mencionado pelo locutor refere-se a um fugitivo da polícia, assaltante <strong>de</strong> banco, quefora colocado em regime semi-aberto, que está previsto no Código Penal Brasileiro 58 . Olocutor <strong>de</strong>staca que, embora tenha cometido sérios <strong>de</strong>litos, o assaltante po<strong>de</strong>rá usufruir daliberda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> ‘reservas financeiras’. Constata-se que a ironia perpassa o enunciado -“Papagaio começou a voar cedo, ‘né’?” - ou seja, voar no sentido <strong>de</strong> ser esperto, astuto, e,com isso, ter garantido proprieda<strong>de</strong>s e reservas financeiras. De acordo com a pesquisadoraBeth Brait (1996), a ironia po<strong>de</strong> acontecer pelo cruzamento <strong>de</strong> vozes, maneiras,procedimentos e atitu<strong>de</strong>s, no texto escrito, falado, visual e também no virtual. Assim,utilizado também como estratégia na comunicação, o discurso irônico instaura a polifonia apartir das diferenças das vozes, resultantes dos fatos históricos e sociais. “A ironia ésurpreendida como procedimento intertextual, interdiscursivo, sendo consi<strong>de</strong>rada, portanto,como um processo <strong>de</strong> meta-referenciação, <strong>de</strong> estruturação do fragmentário” (BRAIT, 1996, p.15).Observa-se que o locutor assume diversos lugares enunciativos. Ao se proferir umdiscurso irônico, além da interdiscursivida<strong>de</strong>, articula-se a ele sua história, assim como o58 O Código Penal foi instituído pelo Decreto Lei nº 2.848, <strong>de</strong> 07 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1940, assinado pelo Presi<strong>de</strong>nteGetúlio Vargas. As alterações a partir da Lei 007.209, <strong>de</strong> 1984, contemplam a Seção I, que trata Das PenasPrivativas <strong>de</strong> Liberda<strong>de</strong>, Reclusão e Detenção, segundo o “Art. 33 - A pena <strong>de</strong> reclusão <strong>de</strong>ve ser cumpridaem regime fechado, semi-aberto ou aberto. A <strong>de</strong> <strong>de</strong>tenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvonecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transferência a regime fechado. Nas Regras do Regime Semi-Aberto, o Art. 35 - Aplica-se anorma do Art. 34 <strong>de</strong>ste Código, caput, ao con<strong>de</strong>nado que inicie o cumprimento da pena em regime semiaberto:§ 1º - O con<strong>de</strong>nado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia agrícola,industrial ou estabelecimento similar. § 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a freqüência a cursossupletivos profissionalizantes, <strong>de</strong> instrução <strong>de</strong> segundo grau ou superior.
88interlocutor insere a sua. Po<strong>de</strong>-se afirmar que o enunciado edifica-se em um espaço <strong>de</strong> tensão,na fronteira entre o território próprio (experiências pessoais) e o território <strong>de</strong> outrem(experiências do outro). É <strong>de</strong>ssa forma que o ouvinte, <strong>de</strong> modo discreto, po<strong>de</strong> perceber aopinião do locutor sobre <strong>de</strong>terminados assuntos, se prestar a atenção nas muitas vozesdiscursivas que surgem a partir do uso do recurso da ironia.A ironia também é encontrada na abordagem <strong>de</strong> outros assuntos, como porexemplo, situações relacionadas ao trânsito.“Notícias que não querem anunciar”:(11/02/2008) Loc.1: É sobre o trânsito que, sempre nas segundas feiras, a gentesempre fala. Na próxima semana, na próxima segunda não queria ouvir ou falarsobre tantos aci<strong>de</strong>ntes, tantas tragédias, mas eles acabam acontecendo [...]. Daqui apouquinho tem mais informações do trânsito pra você, aqui no programa Bom DiaLitoral. Agora são 8 horas e 35 minutos. Nós vamos para um rápido intervalocomercial.Os problemas com o trânsito, ainda que gerem notícias, promovam discussões,são consi<strong>de</strong>rados, pelo locutor 1, assuntos que não gostaria <strong>de</strong> trazer à cena. Pois, ao mesmotempo em que chama a atenção aos problemas, parece não acreditar em mudanças efetivasque consigam alterar ações e posturas capazes <strong>de</strong> acabar com o panorama que <strong>de</strong>screve.Verifica-se, portanto, que enunciar é, <strong>de</strong>sse modo, interpretar enunciados constitutivos <strong>de</strong> uma<strong>de</strong>terminada esfera <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>, assumindo <strong>de</strong>terminadas vozes discursivas e, ao mesmotempo, recusando outras (que também ressoam no enunciado).Tal interpretação ainda aparece refletida no anúncio <strong>de</strong> propagandas dospatrocinadores, predominando o comércio e instituições localizadas no município <strong>de</strong> Torres.O objetivo do locutor é <strong>de</strong>spertar o interesse no ouvinte, induzindo-o a adquirir o produto queanuncia. Seu trabalho e o sucesso <strong>de</strong> seu programa estão relacionados e condicionados aointeresse dos anunciantes <strong>de</strong> anunciar no seu programa. Po<strong>de</strong>-se afirmar que o locutor assumeo papel <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>dor, não somente do seu produto por natureza (programa que apresenta), mastambém do produto que o anunciante traz para o programa. A continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu programatambém se acha vinculada aos resultados conquistados pelos comerciais que anuncia. Nestesentido, o locutor assume a voz <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>dor e <strong>de</strong> empregado, e o ouvinte torna-se o públicoalvo a ser conquistado, como comprador que vai adquirir a mercadoria, e também como copatrocinador.
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