67Cabe mencionar que, em sua história, o termo ‘gaúcho’ surgira para <strong>de</strong>signar ohomem do campo na região dos pampas da Argentina, Uruguai e do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e, porextensão, os nascidos neste estado brasileiro. Para Nunes e Nunes, originariamente, o termofoi aplicado, em sentido pejorativo, comochangador, gaudério, ladrão, contrabandista, vagabundo, coureador, <strong>de</strong>sregrado,an<strong>de</strong>jo. Índio ou mestiço, maltrapilho, sem domicílio certo, que andava, <strong>de</strong> estânciaem estância, trabalhando em serviços que fossem executados a cavalo. (NUNES;NUNES, 1982, p. 211).De forma documentada, tem-se, pela primeira vez no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, maisespecificamente em Santa Maria, no ano <strong>de</strong> 1777, a referencia ao termo feita pelo Dr. JoséSaldanha, que assim <strong>de</strong>finiu: “Gauches – palavra espanhola usada neste país para <strong>de</strong>signarvagabundos ou ladrões do campo que matam os touros chimarrões, tiram o couro e vãoven<strong>de</strong>r ocultamente nas povoações” (LESSA, 1985, p. 24).Com o estabelecimento das fazendas <strong>de</strong> gado e com a modificação da estrutura <strong>de</strong>trabalho, o gaúcho per<strong>de</strong>u seus hábitos nôma<strong>de</strong>s, enquadrando-se na nova socieda<strong>de</strong> ruralcomo trabalhador especializado: era o peão das estâncias. O reconhecimento <strong>de</strong> sua habilida<strong>de</strong>campeira e <strong>de</strong> sua bravura na guerra contribuiu para a diluição da carga pejorativa do termo"gaúcho". Paralelamente, surgiu uma literatura gauchesca, incorporando as lendas <strong>de</strong> suatradição oral e as particularida<strong>de</strong>s dialetais, e exaltando sua coragem, apego à terra, seu amore liberda<strong>de</strong>.Todavia, se partirmos do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul para enunciar algumas consi<strong>de</strong>raçõessobre ‘o gaúcho’, caberia <strong>de</strong>stacar que no processo cultural ele ganhou outros territórios ehoje é possível encontrar as características do que se narra como ‘gaúcho’ em muitos estadosbrasileiros e em alguns países da América do Sul, como Uruguai, Paraguai e Argentina. Nestesentido, constata-se, ainda, que aspectos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural tenham sua gênese em<strong>de</strong>terminado local, a dimensão cultural ten<strong>de</strong> a extrapolar o espaço físico e geográfico.Essa maneira <strong>de</strong> agir, caracterizada pela forma empreen<strong>de</strong>dora <strong>de</strong> fazer acontecer,aparece nas regiões colonizadas pelos gaúchos. Po<strong>de</strong>mos tomar como exemplo o norte doBrasil e a região <strong>de</strong> Mato Grosso que já há alguns anos recebeu famílias do Rio Gran<strong>de</strong> doSul. O churrasco, o chimarrão e a paixão pelo futebol (Grêmio ou Internacional) aparecemcomo características atribuídas ao gaúcho.
683 METODOLOGIANeste estudo optou-se por utilizar, como aportes metodológicos, a análise <strong>de</strong>conteúdo a partir dos macrocódigos da linguagem radiofônica, da investigação da linguagem(enunciados e enunciações), das perspectivas dialógicas e polifônicas como também dosprocedimentos utilizados nos registros da história oral. Sobre a primeira, recorreu-se comoreferência principal a teórica Bardin (2002). Segundo a autora, a análise <strong>de</strong> conteúdo é “umconjunto <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> análise das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos eobjetivos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrição do conteúdo das mensagens” (BARDIN, 2002, p. 38). Taisprocedimentos colaboram para que se pense a formatação como os elementos que a<strong>de</strong>terminam, observando, neste sentido, os conteúdos das edições do Bom Dia Litoral.A análise <strong>de</strong> conteúdo po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada como uma técnica <strong>de</strong> basequantitativa que permite aprofundar a observação <strong>de</strong> documentos escritos e não escritos apartir do agrupamento <strong>de</strong> significações. Para efetuar a referida análise <strong>de</strong> conteúdo fez-senecessário, primeiramente, <strong>de</strong>terminar as categorias pertinentes para viabilizar daclassificação e da quantificação; ou seja, estabeleceram-se tópicos <strong>de</strong> análise como aformatação dos programas: número e tempo dos locutores; quantida<strong>de</strong> e as especificida<strong>de</strong>sdos blocos; os conteúdos abordados; divisão temática a partir da <strong>de</strong>marcação geográfica dasinformações e dos conteúdos abordados relacionados a seis edições do Bom Dia Litoral.Recorreu-se ainda aos procedimentos <strong>de</strong> registro da história oral sobre a RádioMaristela. O objetivo foi o <strong>de</strong> obter informações <strong>de</strong> ouvintes e antigos funcionários sobre aemissora em questão, bem como a transcrição das seis edições do programa.Enten<strong>de</strong>-se que os procedimentos <strong>de</strong> registro da história oral estabelecemalternativas que privilegiam os <strong>de</strong>poimentos, como sendo o centro dos estudos. Trata-se,então, <strong>de</strong> focalizar as narrativas como ponto central das análises. Nesse sentido, é importantemencionar que a história oral, para Meihy (1998), é constituída numa relação entreentrevistador, narrador e o recurso da gravação.Além disso, Meihy comenta queum conjunto <strong>de</strong> procedimentos que se iniciam com a elaboração <strong>de</strong> um projeto econtinuam com a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> pessoas (ou colônia) a serementrevistadas, com a transcrição, com a conferência do <strong>de</strong>poimento, com aautorização para o uso, arquivamento e, sempre que possível, com a publicação dosresultados que <strong>de</strong>vem, em primeiro lugar, voltar ao grupo que gerou as entrevistas(MEIHY, 1998, p. 15).
- Page 1 and 2:
UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARI
- Page 3 and 4:
2LEONIR ALVESANÁLISE DE ASPECTOS D
- Page 5 and 6:
4AGRADECIMENTOSA Deus - autor e pri
- Page 7 and 8:
“Próximo ao meio-dia, diante daq
- Page 9 and 10:
8ABSTRACTABSTRACTThis study present
- Page 11 and 12:
10SUMÁRIO1 INTRODUÇÃO...........
- Page 13 and 14:
12emissora alcança lugares diferen
- Page 15 and 16:
14também grandes atrações cultur
- Page 18 and 19: 171894, o britânico Oliver Lodge d
- Page 20 and 21: 19pelo rádio no jovem país e, no
- Page 22 and 23: 21segmentos sociais começaram a fa
- Page 24 and 25: 23os mais diversos fins. E é no in
- Page 26 and 27: 25veículo que mais se beneficiou d
- Page 28 and 29: 27aconteceram. As igrejas cristãs
- Page 30 and 31: 29Postura crítica, anúncio da ver
- Page 32 and 33: 31Senhora: Miriam é o nome hebraic
- Page 34 and 35: 33Rede Gaúcha Sat 22 que permite a
- Page 36 and 37: 35Com relação às palavras, Bakht
- Page 38 and 39: 37que são elaborados na coletivida
- Page 40 and 41: 39los primeros estudios específica
- Page 42 and 43: 41Na comunicação radiofônica, o
- Page 44 and 45: 43la comprensión de los mensajes s
- Page 46 and 47: 45linguagem radiofônica. Por meio
- Page 48 and 49: 47Faz-se assim oportuno destacar a
- Page 50 and 51: 49além disso, é importante saber
- Page 52 and 53: 51declaraciones grabadas, respetand
- Page 54 and 55: 53sociais, a religião, a ética e
- Page 56 and 57: 55perspectivas, tão abstratas quan
- Page 58 and 59: 57O segundo tipo de reportagem a se
- Page 60 and 61: 59conviverem em harmonia. Nesse sen
- Page 62 and 63: 61O testemunhal é outro formato co
- Page 64 and 65: 63Entende-se conceitualmente por id
- Page 66 and 67: 65culturais em espaço cultural hí
- Page 70 and 71: 69Dessa forma, o entrevistador tem
- Page 72 and 73: 714 A LINGUAGEM RADIOFÔNICA: ANÁL
- Page 74 and 75: 73A audiência relevante 49 contrib
- Page 76 and 77: 75Intercalando com a trilha, o locu
- Page 78 and 79: 77Cabe registrar que em todas as ed
- Page 80 and 81: 79editados no estado do Rio Grande
- Page 82 and 83: 81transcrições das falas 56 dos l
- Page 84 and 85: 83informações do mundo. Trilha Lo
- Page 86 and 87: 85“Chuva de verão”(17/01/2009)
- Page 88 and 89: 87“O caso do Papagaio”:(03/01/2
- Page 90 and 91: 89Na edição de 03 de janeiro de 2
- Page 92 and 93: 91dialógico do enunciado, que não
- Page 94 and 95: 93permite aos locutores o “ver ma
- Page 96 and 97: 95interesse de muitos de querer gan
- Page 98 and 99: 97Conforme se destaca a relação a
- Page 100 and 101: 99analisados.Esse aspecto, sim, enc
- Page 102 and 103: 1015 CONSIDERAÇÕES FINAISEste est
- Page 104 and 105: 103Primeiramente avaliou-se que a l
- Page 106 and 107: 105REFERÊNCIASADLER, P.Richard; FI
- Page 108 and 109: 107FILHO, André Barbosa; PIOVESAN,
- Page 110 and 111: 109NEVES, José Luis. Pesquisa qual
- Page 112 and 113: ANEXOS111
- Page 114 and 115: 113ANEXO B - GRADE DE PROGRAMAÇÃO
- Page 116 and 117: 115Antonio: Sim. Primeiro diretor d
- Page 118 and 119:
117Leonir: E a rádio funcionava l
- Page 120 and 121:
119Nataniel: A Rádio Maristela tem