45linguagem radiofônica. Por meio dos sons, as pessoas são capazes <strong>de</strong> transmitir sensações,valores e representações. Esse contexto comunicativo representa diferentes níveis <strong>de</strong>compreensão e interpretação que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m dos mecanismos racionais e emocionais doprocesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>codificação do receptor.Nesse sentido, os autores Ortiz e Marchamalo mostram a importância do som, e<strong>de</strong> modo especial da música, nas sensações humanas, afirmam que “el timbre, la armonía, elritmo musical, la orquestación, etc., a<strong>de</strong>cuadamente conjuntados, provocan en el oyente<strong>de</strong>terminadas impresiones <strong>de</strong> carácter universal y, por tanto, analizables <strong>de</strong> modo casicientífico” 28 (ORTIZ; MARCHAMALO, 1997, p. 68). Dessa forma, a correta utilização <strong>de</strong>tais recursos conce<strong>de</strong>ria uma recepção eficaz.O referencial sonoro do rádio, também é representado através dos efeitos sonoros,dando um caráter significativo <strong>de</strong> som ambiente, que constrói uma sensação <strong>de</strong> realida<strong>de</strong>.Nesse caso, enten<strong>de</strong>-se como efeito sonoro qualquer som inarticulado que represente umfenômeno físico. O som ambiente cumpre, <strong>de</strong>ssa forma, uma função <strong>de</strong> ambientação objetiva.Todavia, no nível <strong>de</strong> percepção dos ouvintes, se converte numa linguagem capaz <strong>de</strong> provocar<strong>de</strong>terminadas sensações diante do ato <strong>de</strong> interpretação racional dos mesmos. Ortiz eMarchamalo exemplificam:Elijamos, por ejemplo un efecto <strong>de</strong> tren pasando a toda velocidad. Evi<strong>de</strong>ntemente,todos seremos capaces <strong>de</strong> reconocerlo, ya que es un sonido que tendremospreviamente archivado. Sin embargo, el sonido <strong>de</strong> tren <strong>de</strong>spertará <strong>de</strong>terminadasabstracciones <strong>de</strong> nuestra imagen subjetiva: talvez una secuencia <strong>de</strong> película, unafotografía, la ilustración <strong>de</strong> un libro [...] 29 (ORTIZ; MARCHAMALO, 1997, p. 70).A mensagem sonora, portanto, está atrelada a situações experimentadas pelosreceptores. O som do trem po<strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar no ouvinte a memória: uma lembrança da infância,uma viagem, a espera por alguém em uma estação, <strong>de</strong>ntre outros.Por outro lado, também é evi<strong>de</strong>nte que a linguagem sonora, no planointerpretativo, está atrelada a elementos do tipo cultural 30 . Um exemplo disso seria uma tribo<strong>de</strong> índios que vive isolada numa remota região da Amazônia, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>sconhece a existência28 O timbre, a harmonia, o ritmo musical, a orquestração, etc., a<strong>de</strong>quadamente conjugados, provocam no ouvinte<strong>de</strong>terminadas impressões <strong>de</strong> caráter universal e, portanto, analisáveis <strong>de</strong> modo quase cientifico (Tradução dopesquisador).2930Selecionamos, por exemplo, um efeito <strong>de</strong> trem passando a toda velocida<strong>de</strong>. Evi<strong>de</strong>ntemente, todos seremoscapazes <strong>de</strong> reconhecê-lo, já que é um som que temos previamente arquivado. Não obstante, o som do trem<strong>de</strong>spertará <strong>de</strong>terminadas abstrações <strong>de</strong> nossa imagem subjetiva: talvez uma seqüência <strong>de</strong> filme, umafotografia, a ilustração <strong>de</strong> um livro (Tradução do pesquisador).Cabe <strong>de</strong>stacar que serão retomadas, posteriormente neste estudo, as reflexões sobre cultura.
46do transporte férreo, o som <strong>de</strong> um trem provocará sensações radicalmente diferentes nosreceptores, talvez <strong>de</strong> medo <strong>de</strong> temor diante <strong>de</strong> um ruído incapaz <strong>de</strong> ser interpretado.Sabe-se que a base <strong>de</strong> difusão <strong>de</strong> informações sonoras, no rádio, ocorre por meio<strong>de</strong> ondas eletromagnéticas. Esse instrumento <strong>de</strong> comunicação é caracterizado como um meioessencialmente auditivo, formado pela combinação do binômio: voz e sonoplastia.Segundo Meditsch (2001), a compreensão da mensagem do radiojornalismo, porparte do receptor, se processa <strong>de</strong> forma estratégica e dinâmica, no mesmo ritmo e tempo emque vai sendo enunciada pelo emissor. Os dois hemisférios do cérebro e os vários níveis <strong>de</strong>memória do receptor operam <strong>de</strong> forma integrada, em tempo real, produzindo representaçõesimediatas a partir da <strong>de</strong>codificação dos dados sonoros e linguísticos.O processo da mensagem passa, então, pela sua i<strong>de</strong>ntificação, performance, quecontempla a interpretação e atribuição <strong>de</strong> sentido. Por exemplo, a pontuação serve paraassociar a i<strong>de</strong>ia expressa à sua unida<strong>de</strong> sonora, marcando unida<strong>de</strong>s fônicas e não gramaticais,como é utilizada na cultura impressa. A vírgula no texto radiofônico funciona também paramarcar uma pequena pausa que introduz uma variação na entonação e dá lugar também àrenovação <strong>de</strong> ar do locutor.A estrutura gramatical utilizada no rádio <strong>de</strong>ve buscar a clareza e a simplicida<strong>de</strong>expressivas. A clareza se constitui em uma das principais características da redaçãoradiofônica, porque uma expressão clara respon<strong>de</strong> as funções jornalísticas da comunicação:rápida compreensão, mínimo esforço <strong>de</strong> interpretação e máxima concentração informativa.Dessa forma, os códigos <strong>de</strong> interpretação da mensagem sonora, po<strong>de</strong>m aparecerfrequentemente condicionados a bagagem <strong>de</strong> conhecimentos adquiridos através dasexperiências <strong>de</strong> cada um. O som não acontece <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um espaço físico como a imagem. Oscontornos do seu espaço são os contornos do próprio som. A ausência, portanto, do elementoestático <strong>de</strong>termina algumas das características da linguagem do rádio: instantânea, ágil erápida.Ao mencionar a importância dos sons, leva-se em consi<strong>de</strong>ração tanto a voz quantoos sons produzidos ou reproduzidos por instrumentos, músicas, <strong>de</strong>ntre outros. Sobre a vozsem corpo do locutor <strong>de</strong> rádio, observa-se que esta se move completamente por meio do some some no momento seguinte. Logo, a vocalida<strong>de</strong> permite a atribuição <strong>de</strong> função autoraltambém ao locutor da mensagem. A enunciação estaria relacionada à voz que enuncia, aomodo, ao timbre e à sua irrepetibilida<strong>de</strong>. O enunciado, portanto, seria apo<strong>de</strong>rado pelo locutor.Como sujeito da enunciação, o locutor imprime marcas que o possibilitam ocupar uma funçãoautoral pelo próprio enunciado.
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