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Temos um bom exemplo disso em Gergen e Gergen<br />
(1988, p. 18), uma dupla de intelectuais que se<br />
pode considerar como funda<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> construcionismo<br />
social em psicologia:<br />
Não apenas narramos <strong>nos</strong>sas vidas sob a forma de<br />
relato, mas, em um senti<strong>do</strong> importante, <strong>nos</strong>sas<br />
relações são vividas também em uma forma narrativa.<br />
(GERGEN & GERGEN, 1988, p. 18)<br />
A subjetividade constitui-se, dessa perspectiva,<br />
no uso e elaboração de um complexo de narrativas,<br />
discursos, conversações, atos de fala ou significa<strong>do</strong>s<br />
que a cultura põe à <strong>nos</strong>sa disposição e que manipulamos<br />
nas realidades interacionais que habitamos.<br />
Entretanto, embora essas análises representem um<br />
avanço na denúncia <strong>do</strong> essencialismo naturalista<br />
<strong>do</strong>minante nas explicações psicológicas, elas fracassam<br />
em sua concepção <strong>do</strong> lingüístico e <strong>do</strong> discursivo<br />
e, por isso, também na concepção <strong>do</strong> “social”<br />
(DOMÈNECH, 1998). A linguagem, nessas análises,<br />
não é mais <strong>do</strong> que uma espécie de “fala”, negociada<br />
exclusivamente entre indivíduos localiza<strong>do</strong>s em uma<br />
situação concreta e por meio de significa<strong>do</strong>s produzi<strong>do</strong>s<br />
na interação, também exclusiva, desses indivíduos.<br />
Por um la<strong>do</strong>, elas apresentam certos elementos<br />
que estariam implica<strong>do</strong>s nessa interação: indivíduos<br />
<strong>huma<strong>nos</strong></strong>; por outro, apresentam certos recursos lingüísticos,<br />
palavras, relatos, explicações, histórias,<br />
atribuições, com os quais se elaboram mensagens<br />
que estabelecem intenções, levam à ação, à persuasão<br />
e agem sobre outras pessoas. Por um la<strong>do</strong>, temos<br />
um canal; por outro, um problema: o êxito ou<br />
fracasso da interação. Como se pode observar, nada<br />
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