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Nunca_fomos_humanos_-_nos_rastros_do_suj

Tomaz Tadeu da Silva

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Temos um bom exemplo disso em Gergen e Gergen<br />

(1988, p. 18), uma dupla de intelectuais que se<br />

pode considerar como funda<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> construcionismo<br />

social em psicologia:<br />

Não apenas narramos <strong>nos</strong>sas vidas sob a forma de<br />

relato, mas, em um senti<strong>do</strong> importante, <strong>nos</strong>sas<br />

relações são vividas também em uma forma narrativa.<br />

(GERGEN & GERGEN, 1988, p. 18)<br />

A subjetividade constitui-se, dessa perspectiva,<br />

no uso e elaboração de um complexo de narrativas,<br />

discursos, conversações, atos de fala ou significa<strong>do</strong>s<br />

que a cultura põe à <strong>nos</strong>sa disposição e que manipulamos<br />

nas realidades interacionais que habitamos.<br />

Entretanto, embora essas análises representem um<br />

avanço na denúncia <strong>do</strong> essencialismo naturalista<br />

<strong>do</strong>minante nas explicações psicológicas, elas fracassam<br />

em sua concepção <strong>do</strong> lingüístico e <strong>do</strong> discursivo<br />

e, por isso, também na concepção <strong>do</strong> “social”<br />

(DOMÈNECH, 1998). A linguagem, nessas análises,<br />

não é mais <strong>do</strong> que uma espécie de “fala”, negociada<br />

exclusivamente entre indivíduos localiza<strong>do</strong>s em uma<br />

situação concreta e por meio de significa<strong>do</strong>s produzi<strong>do</strong>s<br />

na interação, também exclusiva, desses indivíduos.<br />

Por um la<strong>do</strong>, elas apresentam certos elementos<br />

que estariam implica<strong>do</strong>s nessa interação: indivíduos<br />

<strong>huma<strong>nos</strong></strong>; por outro, apresentam certos recursos lingüísticos,<br />

palavras, relatos, explicações, histórias,<br />

atribuições, com os quais se elaboram mensagens<br />

que estabelecem intenções, levam à ação, à persuasão<br />

e agem sobre outras pessoas. Por um la<strong>do</strong>, temos<br />

um canal; por outro, um problema: o êxito ou<br />

fracasso da interação. Como se pode observar, nada<br />

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