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eunidas, em outras relações. E <strong>nos</strong>sas práticas não<br />
habitam ou não se localizam em espaços de significa<strong>do</strong><br />
e negociação entre indivíduos homogêneos,<br />
amorfos e assepticamente funcionais. Elas estão sempre<br />
localizadas em estabelecimentos e procedimentos<br />
particulares. Se aceitamos que a linguagem está<br />
organizada em regimes de significação, que, por<br />
meio desses regimes, ela está distribuída em espaços,<br />
tempos, zonas, estratos e forças, então a construção<br />
da subjetividade adquire outra aparência.<br />
Perguntas tais como, “quem fala?”, “segun<strong>do</strong> que<br />
critério de verdade?”, “a partir de quais lugares e<br />
espaços?”, “em que relações?”, “agin<strong>do</strong> de que maneira?”,<br />
“apoian<strong>do</strong>-se em que hábitos e rotinas?”,<br />
“autoriza<strong>do</strong> de que maneira?”, “sob que formas de<br />
persuasão, sanção, mentira e crueldade?”, passam<br />
ao primeiro plano e delimitam a atividade <strong>do</strong> pensamento<br />
social. Não se trata de conhecer o significa<strong>do</strong><br />
de uma palavra, de uma frase, de um relato ou<br />
de uma narração; nem se trata de saber o que conota<br />
ou o que denota. O problema é, antes, com “quê”<br />
se conecta, em “quê” multiplicidades se implica, com<br />
“quê” outras multiplicidades se junta. Para a análise<br />
da produção de subjetividades, não precisamos de<br />
semânticas ocultas, mas <strong>do</strong> esclarecimento de regimes<br />
de produção de conexões superficiais. Trata-se<br />
de ver o que faz a linguagem, com que ela conecta e<br />
para quê. Seus efeitos são apenas uma parte dessa<br />
trama. A linguagem não deve ser tomada como<br />
matéria prima e primária na constituição da subjetividade,<br />
mas, antes, como parte de um complexo<br />
maior. O lingüístico e o discursivo certamente estabilizam<br />
relações e geram relações, mas não são, em<br />
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