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Nunca_fomos_humanos_-_nos_rastros_do_suj

Tomaz Tadeu da Silva

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como espacializada, descentrada, múltipla, nômade;<br />

como o resulta<strong>do</strong> de práticas episódicas de autoexposição,<br />

em locais e épocas particulares.<br />

Deve-se assinalar, entretanto, que no mesmo<br />

momento em que essa imagem <strong>do</strong> ser humano é<br />

declarada passé pelos teóricos sociais, certas práticas<br />

regulatórias buscam governar os indivíduos de uma<br />

maneira que está, mais <strong>do</strong> que nunca, ligada àquelas<br />

características que o definem como um “eu”. Da<br />

mesma forma, as idéias de identidade e seus cognatos<br />

têm se coloca<strong>do</strong> no centro de muitas das práticas<br />

nas quais os seres <strong>huma<strong>nos</strong></strong> se envolvem. Na<br />

vida política, no trabalho, <strong>nos</strong> arranjos <strong>do</strong>mésticos<br />

e conjugais, no consumo, no merca<strong>do</strong>, na publicidade,<br />

na televisão e no cinema, no complexo jurídico<br />

e nas práticas da polícia, <strong>nos</strong> aparatos da medicina e<br />

da saúde, os seres <strong>huma<strong>nos</strong></strong> são interpela<strong>do</strong>s, representa<strong>do</strong>s<br />

e influencia<strong>do</strong>s como se fossem eus de um tipo<br />

particular: imbuí<strong>do</strong>s de uma subjetividade individualizada,<br />

motiva<strong>do</strong>s por ansiedades e aspirações a<br />

respeito de sua auto-realização, comprometi<strong>do</strong>s a encontrar<br />

suas verdadeiras identidades e a maximizar<br />

a autêntica expressão dessas identidades em seus<br />

estilos de vida. As imagens de liberdade e autonomia<br />

que inspiram <strong>nos</strong>so pensamento político operam,<br />

da mesma forma, em termos de uma imagem<br />

<strong>do</strong> ser humano que o vê como o foco psicológico<br />

unifica<strong>do</strong> de sua biografia, como o locus de direitos<br />

e reivindicações legítimas, como um ator que busca<br />

“empresariar” sua vida e seu eu por meio de atos de<br />

escolha. A julgar pela popularidade das problemáticas<br />

<strong>do</strong> psi na mídia, pelas demandas por toda espécie<br />

de terapia e pela enorme quantidade de to<strong>do</strong>

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