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para capacitá-lo a aprender sobre o certo, o bem e o<br />
bom”, mas também como destrutiva das artes da<br />
retórica e da memória (PLATÃO, Fedro, 278a). Mas a<br />
memória não deveria ser contraposta à escrita como<br />
algo imediato, natural, como uma capacidade psicológica<br />
universal, mas vista em termos daquilo que<br />
Nietzsche chamou de “mnemônica” (NIETZSCHE,<br />
1998 [1887], p. 51; cf. GROSZ, 1994, p. 131). 5 Esse<br />
termo refere-se aos aparatos pelos quais se “marca a<br />
ferro em brasa” o passa<strong>do</strong> em si próprio, tornan<strong>do</strong>o<br />
disponível como uma advertência, um consolo,<br />
um aparato de negociação, uma arma ou uma ferida.<br />
“Jamais deixou de haver sangue, martírio e sacrifício<br />
quan<strong>do</strong> o homem sentiu a necessidade de<br />
criar em si uma memória” (NIETZSCHE, 1998, p. 51).<br />
As preocupações de Nietzsche são com as variedades<br />
históricas de punição cruel, como exemplos <strong>do</strong><br />
preço pago pelos seres <strong>huma<strong>nos</strong></strong> para fazê-los superar<br />
seu esquecimento e “reter na memória cinco ou<br />
seis ‘não quero’ [...] a fim de viver os benefícios da<br />
sociedade” (p. 52). Não se trata de uma questão,<br />
para meus propósitos, da validade das asserções genealógicas<br />
específicas de Nietzsche – elas são certamente<br />
problemáticas. Mas a noção de mnemônica<br />
abre um campo muito importante de investigação<br />
para o agenciamento de <strong>suj</strong>eitos. Frances Yates mostrou,<br />
de forma convincente, que a memória pode<br />
ser entendida como uma arte ou uma série de técnicas<br />
inculcadas na forma de procedimentos particulares:<br />
uma arte que foi revivida e ampliada na Idade Média<br />
e envolvia técnicas tais como a invenção de lugares ou<br />
espaços <strong>nos</strong> quais itens de saber ou experiência eram<br />
“coloca<strong>do</strong>s” e que poderiam ser “recupera<strong>do</strong>s” pelo<br />
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