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Nunca_fomos_humanos_-_nos_rastros_do_suj

Tomaz Tadeu da Silva

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elações da pessoa consigo mesma, eles não deveriam<br />

ser entendi<strong>do</strong>s como sen<strong>do</strong> primariamente intencionais<br />

e interacionais. Aquilo que torna qualquer<br />

intercâmbio particular possível surge de um regime<br />

de linguagem, o qual está aloja<strong>do</strong> em práticas que<br />

apreendem o ser humano sob variadas formas, que<br />

inscrevem, organizam, moldam e exigem a produção<br />

da fala – médica, legal, econômica, erótica, <strong>do</strong>méstica,<br />

espiritual. Mas essa referência às práticas<br />

e aos agenciamentos <strong>do</strong>s quais a linguagem faz<br />

parte chama a atenção para outra das inescapáveis<br />

debilidades das estórias “psicológicas” <strong>do</strong> eu narra<strong>do</strong>.<br />

Quan<strong>do</strong> a linguagem, nessas explicações, é<br />

vista como algo situa<strong>do</strong>, ela o é apenas ao mo<strong>do</strong><br />

wittgensteiniano vago de “formas de vida”, nas<br />

quais a “responsabilização” [accountability] funciona<br />

para tornar possíveis as ações. Essas dispensáveis referências<br />

a formas de vida são pouco adequadas à<br />

tarefa. O que precisa ser analisa<strong>do</strong> é o mo<strong>do</strong> da relação<br />

consigo mesmo que é intima<strong>do</strong> nas práticas e<br />

<strong>nos</strong> procedimentos, <strong>nos</strong> vínculos, nas linhas de força<br />

e <strong>nos</strong> fluxos defini<strong>do</strong>s que constituem pessoas e<br />

as atravessam e as circundam em maquinações particulares<br />

de força – para trabalhar, para curar, para<br />

reformar, para educar, para trocar, para desejar, não<br />

apenas para responsabilizar [accounting] mas para<br />

manter como responsabilizável. Não se trata de um<br />

apelo por uma localização mais delicada e sutil da<br />

comunicação “em seu contexto social”, mas por uma<br />

rejeição da forma binária que separa a linguagem<br />

de seu contexto apenas para reinseri-la contextualmente<br />

em um mun<strong>do</strong> que é reduzi<strong>do</strong> a uma espécie<br />

de pano de fun<strong>do</strong> cultural para o significa<strong>do</strong>.<br />

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