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Nunca_fomos_humanos_-_nos_rastros_do_suj

Tomaz Tadeu da Silva

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de endereçamento não fosse uma questão ou um fator<br />

na educação. É aqui que um encontro interdisciplinar<br />

com os estu<strong>do</strong>s de cinema pode dar uma<br />

sacudida nas coisas – e de forma produtiva, acredito.<br />

Que tal se, da mesma forma que ocorre entre<br />

um filme e seu especta<strong>do</strong>r, a relação de um estudante<br />

com o currículo fosse um evento confuso e imprevisível<br />

que constantemente excedesse tanto a<br />

compreensão quanto a incompreensão?<br />

Essa perspectiva não tem uma circulação fácil no<br />

campo da educação. Entretanto, tal como a leitura<br />

que um estudante faz de um filme, sua leitura de um<br />

currículo passa, constante e inevitavelmente, pela coisa<br />

incontrolável <strong>do</strong> desejo, <strong>do</strong> me<strong>do</strong>, <strong>do</strong> prazer, <strong>do</strong> poder,<br />

da ansiedade, da fantasia e <strong>do</strong> impensável.<br />

Convidar os públicos a jogar/brincar nessa e (com<br />

essa) desordem é o feijão com arroz <strong>do</strong>s produtores<br />

de filmes. Mas é exatamente planejan<strong>do</strong> eliminar isso<br />

da aula <strong>do</strong> dia seguinte que os educa<strong>do</strong>res, em sua<br />

maioria, ficam acorda<strong>do</strong>s até tarde da noite. São exatamente<br />

os atos e os momentos de desejo, me<strong>do</strong>, prazer,<br />

poder e desentendimento na sala de aula o que<br />

os educa<strong>do</strong>res, em sua maioria, suam para tentar prevenir,<br />

impedir, negar, ignorar, terminar. Uma coisa<br />

dessas é aterrorizante para professores com trinta ou<br />

quarenta crianças em uma sala de aula, bem como<br />

para professores com <strong>do</strong>ze estudantes de pós-graduação<br />

que estão escreven<strong>do</strong> suas dissertações.<br />

Além disso... por que um professor ia querer viver<br />

<strong>nos</strong> <strong>do</strong>mínios da ansiedade, da fantasia, <strong>do</strong> prazer<br />

e <strong>do</strong>s jogos de poder? Tais esta<strong>do</strong>s são estranhos<br />

se a relação que estamos realmente tentan<strong>do</strong> fazer<br />

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