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extrema de niilismo que buscaria bloquear e frustrar<br />
um tal efeito de ressurreição. Conseqüentemente,<br />
é importante insistir que a ex-propriação <strong>do</strong> <strong>suj</strong>eito<br />
abstrato e universal é afirmativa e não negativa,<br />
para que não fiquemos presos no movimento em<br />
espiral das duas linhas de uma tira de Möbius que<br />
parecem passar pelo lugar <strong>do</strong> <strong>suj</strong>eito. Enquanto a<br />
primeira linha traça a recorrência eterna da construção<br />
maquínica, da des-construção e re-construção<br />
<strong>do</strong> <strong>suj</strong>eito (algum <strong>suj</strong>eito deverá existir), a segunda<br />
traça o movimento de uma construção anterior que<br />
resulta em uma destruição irreversível (não existirá<br />
nenhum <strong>suj</strong>eito). Entretanto, embora essas duas linhas<br />
pareçam se bifurcar e divergir, com a primeira<br />
progredin<strong>do</strong> por meio de investimento e acumulação<br />
(uma perfeição dialética), e a segunda buscan<strong>do</strong><br />
um simples dispêndio sem retorno (morte pura<br />
e simples), as duas se entrelaçam, realmente, para<br />
espreitar os limites de um duplo vínculo. Seja lá qual<br />
das linhas for seguida, o lugar <strong>do</strong> <strong>suj</strong>eito é sempre<br />
torna<strong>do</strong> disponível a um-Outro ocupante. Daí o fato<br />
de que toda resposta à negação <strong>do</strong> <strong>suj</strong>eito é sempre<br />
acompanhada pela questão especulativa: quem vem<br />
depois <strong>do</strong> <strong>suj</strong>eito? Mesmo na morte, o <strong>suj</strong>eito subsistirá<br />
por hipertelia: “Estou – morto” (COURTINE,<br />
1988, p. 103). O <strong>suj</strong>eito vampírico, que horror! É<br />
precisamente nesse senti<strong>do</strong> que o declínio <strong>do</strong> <strong>suj</strong>eito<br />
na teoria social contemporânea continua assombra<strong>do</strong><br />
por uma ressureição e pelo retorno <strong>do</strong> reprimi<strong>do</strong>.<br />
Em particular, pode-se observar como a des-construção<br />
<strong>do</strong> <strong>suj</strong>eito invariavelmente produz um jorro<br />
de partes <strong>do</strong> corpo que são, então, reunidas em<br />
uma série de corpos fragmenta<strong>do</strong>s e subjetividades