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Nunca_fomos_humanos_-_nos_rastros_do_suj

Tomaz Tadeu da Silva

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mutação no interior de uma sucessão de contextos<br />

permeáveis e cambiantes. Como um ponto de partida,<br />

poderíamos fazer uma incursão nas inúmeras<br />

disciplinas e perspectivas em que existe um sentimento<br />

crescente de desconforto e pressentimento a<br />

respeito da sorte <strong>do</strong> <strong>suj</strong>eito. De fato, pode-se já discernir<br />

o esboço de um motivo <strong>do</strong>minante – o <strong>suj</strong>eito<br />

como local de catástrofe, acompanha<strong>do</strong> por um<br />

consenso que se torna rapidamente ossificante: o<br />

dinamismo <strong>do</strong> <strong>suj</strong>eito finalmente se esgotou e está<br />

agora destina<strong>do</strong> a entrar em um processo de decadência<br />

terminal. Para muitos, há a convicção de que<br />

a catástrofe já ocorreu e de que estamos viven<strong>do</strong> em<br />

uma zona morta – ou em um perío<strong>do</strong> de espera –<br />

assombrada pela morte <strong>do</strong> <strong>suj</strong>eito. Daí a urgência<br />

teórica, política e ética da questão especulativa: quem<br />

vem depois <strong>do</strong> <strong>suj</strong>eito? (Topoi, 1988). Haverá um-<br />

Outro <strong>suj</strong>eito, um niilista suicida, uma comunidade,<br />

uma nova forma de esquizofrenia, um ciborgue,<br />

uma infestação maquínica, nada, algo inumano ou<br />

não-humano? Ou talvez devêssemos tentar reviver,<br />

ressuscitar ou rejuvenescer o <strong>suj</strong>eito a fim de dar-lhe<br />

uma sobrevida? Além disso: na medida em que a<br />

filosofia <strong>do</strong> <strong>suj</strong>eito foi sempre apenas um pseu<strong>do</strong>começo,<br />

um começo que esteve sempre e já em declínio,<br />

um começo que só serviu para dissimular,<br />

marginalizar e reprimir to<strong>do</strong>s aqueles “outros” <strong>do</strong>s<br />

quais derivou seu lugar e seu poder, muitos autores<br />

aceitaram e internalizaram jubilosa e prontamente a<br />

morte, a dispersão e a liquidação <strong>do</strong> <strong>suj</strong>eito: o <strong>suj</strong>eito,<br />

que horror! Muitos, entretanto, continuam incrédulos<br />

frente a essa hipérbole. E, contu<strong>do</strong>, caso se trate,<br />

de fato, <strong>do</strong> declínio terminal <strong>do</strong> <strong>suj</strong>eito, podemos

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