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Nunca_fomos_humanos_-_nos_rastros_do_suj

Tomaz Tadeu da Silva

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introduziram <strong>do</strong>bras profundas no corpo, o la<strong>do</strong> de<br />

dentro <strong>do</strong> la<strong>do</strong> de fora, o la<strong>do</strong> de dentro como uma<br />

operação <strong>do</strong> la<strong>do</strong> de fora, como sugere Deleuze em<br />

sua discussão da arqueologia que Foucault faz <strong>do</strong><br />

olhar clínico. Ou, de novo, em relação às técnicas<br />

éticas introduzidas pelos gregos, essas devem ser<br />

entendidas “no senti<strong>do</strong> de que a relação consigo adquire<br />

independência. É como se as relações <strong>do</strong> la<strong>do</strong><br />

de fora se <strong>do</strong>brassem, se curvassem para formar um<br />

forro e deixar surgir uma relação consigo, constituir<br />

um la<strong>do</strong> de dentro que se escava e desenvolve segun<strong>do</strong><br />

uma dimensão própria” (DELEUZE, 1991, p. 107).<br />

Uma vez que essa nova dimensão tenha si<strong>do</strong> estabelecida,<br />

o <strong>suj</strong>eito é agencia<strong>do</strong>/monta<strong>do</strong> de novas formas,<br />

em termos de um problema de “auto<strong>do</strong>mínio”,<br />

fazen<strong>do</strong> com que incida sobre si mesmo – aquele la<strong>do</strong><br />

de dentro atuan<strong>do</strong> sobre si mesmo – o poder que<br />

fazemos incidir sobre outros. Nesse mesmo processo,<br />

o poder que se faz incidir sobre os outros é reconfigura<strong>do</strong><br />

como uma relação de poder entre o la<strong>do</strong> de<br />

dentro da gente e o la<strong>do</strong> de dentro <strong>do</strong> outro.<br />

Esse la<strong>do</strong> de dentro singulariza<strong>do</strong> e <strong>do</strong>bra<strong>do</strong> é,<br />

assim, inevitavelmente estabiliza<strong>do</strong>, não em relação<br />

a um <strong>do</strong>mínio de processos psicológicos, mas em<br />

relação a uma configuração de forças, corpos, edifícios<br />

e técnicas que o mantêm no lugar. Para os gregos,<br />

isso compreendia to<strong>do</strong> o aparato de formação<br />

ética estabeleci<strong>do</strong> na cidade, as relações de família,<br />

os tribunais, os jogos de poder e de lazer e as relações<br />

eróticas por meio <strong>do</strong>s quais aqueles varões que<br />

exerciam o poder eram agencia<strong>do</strong>s. “Eis o que fizeram<br />

os gregos: <strong>do</strong>braram a força, sem que ela deixasse<br />

de ser força. Eles a relacionaram consigo<br />

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