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Nunca_fomos_humanos_-_nos_rastros_do_suj

Tomaz Tadeu da Silva

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inventada para a interação terapêutica com o <strong>suj</strong>eito<br />

humano, uma gama de locais para cura, reforma,<br />

conselho e orientação tem si<strong>do</strong> transformada de acor<strong>do</strong><br />

com o “efeito psi”.<br />

Sobre que coisas há ação? Que linhas, forças,<br />

superfícies ou fluxos de ser humano são captura<strong>do</strong>s<br />

nessas máquinas? Desejos? Sim: sem dúvida um <strong>do</strong>s<br />

vetores de <strong>nos</strong>sa relação contemporânea co<strong>nos</strong>co<br />

mesmos passa através <strong>do</strong>s fluxos de pulsões, fantasias,<br />

repressões, projeções, identificações e <strong>do</strong>s impulsos<br />

de fala e conduta que são estabeleci<strong>do</strong>s no<br />

interior dessa ontologia desejante. Mas, como sugeri,<br />

seria sensato evitar construir alguma metafísica <strong>do</strong><br />

desejo, ou ao me<strong>nos</strong> deixar esse projeto para <strong>nos</strong>sos<br />

filósofos. Para o genealogista, o desejo é apenas um<br />

<strong>do</strong>s vetores da maquinação psicológica contemporânea<br />

<strong>do</strong> ser humano, de <strong>nos</strong>so atual “efeito psi”. Poderíamos<br />

também querer enfatizar os vetores que<br />

fluem em torno da superficialidade <strong>do</strong> próprio “comportamento”<br />

– as pedagogias das habilidades sociais<br />

e <strong>do</strong> estilo-de-vida e todas as tecnologias comportamentais<br />

que elas fizeram surgir. Talvez igualmente<br />

importantes no interior das novas obrigações éticas<br />

de realização pessoal seja a nova relação <strong>do</strong> eupara-com-o-eu<br />

exemplificada pela noção de autoestima:<br />

“uma inovação que transforma a relação<br />

de si para consigo em uma relação que é governável”<br />

(CRUIKSHANK, 1993), no curso da qual toda<br />

uma procissão de técnicas psi tem si<strong>do</strong> desenvolvida<br />

– induzin<strong>do</strong> um novo vocabulário de auto-respeito,<br />

exercícios envolven<strong>do</strong> a narrativização da vida<br />

da pessoa em uma variedade de cenários terapêuticos,<br />

pedagógicos ou íntimos. Além disso, apesar<br />

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