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Nunca_fomos_humanos_-_nos_rastros_do_suj

Tomaz Tadeu da Silva

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comprar o brinque<strong>do</strong> [relaciona<strong>do</strong> ao filme]. E você<br />

se sentirá mais velho e mais poderoso – e mais alto<br />

– <strong>do</strong> que você é e o mun<strong>do</strong> inteiro vai parecer girar<br />

ao re<strong>do</strong>r de você. E quan<strong>do</strong> o filme terminar, você<br />

sentirá que ser um garoto branco e rico, de 12 a<strong>nos</strong>,<br />

é a melhor coisa que pode acontecer no mun<strong>do</strong>”. O<br />

mo<strong>do</strong> de endereçamento não é um momento visual<br />

ou fala<strong>do</strong>, mas uma estruturação – que se desenvolve<br />

ao longo <strong>do</strong> tempo – das relações entre o filme e<br />

seus especta<strong>do</strong>res.<br />

Os estudiosos <strong>do</strong> cinema que têm se concentra<strong>do</strong><br />

na idéia de “mo<strong>do</strong> de endereçamento” têm desenvolvi<strong>do</strong><br />

formas de falar desse invisível processo<br />

que parece “convocar” o especta<strong>do</strong>r a uma posição<br />

a partir da qual ele deve ler o filme. Os críticos que<br />

estudam a narrativa cinematográfica têm toma<strong>do</strong><br />

certos conceitos de empréstimo da crítica da literatura<br />

e <strong>do</strong> teatro e inventa<strong>do</strong> outros, de forma a poder<br />

nomear e analisar a intangível experiência da<br />

história no filme. Essa experiência inclui trama, personagem,<br />

subtexto, gênero, vínculos causais, ponto<br />

de vista, e assim por diante. De forma similar, os<br />

críticos interessa<strong>do</strong>s no mo<strong>do</strong> de endereçamento têm<br />

inventa<strong>do</strong> conceitos que nomeiam e analisam aspectos<br />

sobre a experiência da “convocação” ou da<br />

“interpelação”. “Posicionamento de público” é um<br />

deles. Masterman (1985) descreve-o desta forma:<br />

Nos meios visuais, nós, como membros <strong>do</strong> público,<br />

somos compeli<strong>do</strong>s a ocupar uma posição<br />

física particular, em virtude <strong>do</strong> posicionamento<br />

da câmera. Identificar e estar consciente dessa<br />

posição física significa revelar que somos também<br />

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