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Nunca_fomos_humanos_-_nos_rastros_do_suj

Tomaz Tadeu da Silva

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órgãos. Especificamente, ela intervém ao longo das<br />

linhas de força, <strong>do</strong> desejo e <strong>do</strong> poder, a fim de alavancar<br />

e deslocar estabilizações forçadas, transforman<strong>do</strong>-as<br />

em uma multiplicidade Aberta: “se o to<strong>do</strong> não<br />

é ..., é porque ele é o Aberto, e porque sua natureza é<br />

a de mudar constantemente, ou de fazer emergir<br />

algo novo, em suma, de perdurar” (DELEUZE, 1986,<br />

p. 9). Além disso, a desconstrução não está absolutamente<br />

confinada à assim chamada “prisão da linguagem”,<br />

a uma nova onto-teologia ou idealismo<br />

rejuvenesci<strong>do</strong> <strong>do</strong> Texto, na medida em que intervém<br />

<strong>nos</strong> fluxos materiais e imateriais heterogêneos<br />

de toda a história-<strong>do</strong>-mun<strong>do</strong> (DERRIDA, 1988b). É,<br />

pois, importante distinguir rigorosamente entre, por<br />

um la<strong>do</strong>, uma desconstrução afirmativa e, por outro,<br />

uma des-construção reativa (DOEL, 1994a). Enquanto<br />

a primeira afirma o corpo pleno sem órgãos, a<br />

última esforça-se por recapturá-lo por meio da reterritorialização,<br />

da re-estratificação, da sobrecodificação<br />

e da subjetivação.<br />

A desconstrução não tem absolutamente nada a<br />

ver com a catástrofe ou com o apocalipse. Ela não é<br />

nem niilista nem destrutiva, nem tampouco equivale<br />

a uma “dissolução <strong>do</strong> <strong>suj</strong>eito” (DERRIDA, 1992, p 7).<br />

Em suma, a desconstrução não vem depois que o<br />

<strong>suj</strong>eito foi construí<strong>do</strong>, estabiliza<strong>do</strong> e estabeleci<strong>do</strong>.<br />

Ela não é nem um investimento especulativo na negatividade<br />

– um investimento que tenha como base<br />

uma expectativa racional de um retorno acumulável<br />

– nem é uma tentativa de efetuar uma despesa sem<br />

retorno: ela não é parte de um regime de acumulação<br />

nem um local de consumo expiatório. Em outras<br />

palavras, a desconstrução não encontra seu lugar<br />

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