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Nunca_fomos_humanos_-_nos_rastros_do_suj

Tomaz Tadeu da Silva

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Por que parece ser certo colocar esta questão entre<br />

parênteses?).<br />

Mas os filmes tradicionais de Hollywood não<br />

pecam apenas por omissão. Eles também pecam por<br />

repetidamente darem a entender, por meio da exclusão<br />

ou <strong>do</strong> ridículo ou da punição inscrita na narrativa,<br />

que ser uma garota (ou ser negro/a, ou gay,<br />

ou gor<strong>do</strong>/a, ou falante de espanhol, ou ser uma garota<br />

e uma ou outra dessas identidades) não é a coisa<br />

certa. Ou ser um tipo particular de garota ou<br />

garoto ou latino/a ou gor<strong>do</strong>/a pode ser certo, mas<br />

ser outro tipo não.<br />

Fazer a pergunta “quem este filme pensa que você<br />

é ou quer que você seja?” significa, pois, fazer uma<br />

pergunta carregada. Trata-se de uma questão formulada<br />

pelos estudiosos <strong>do</strong> cinema, que acham que os<br />

mo<strong>do</strong>s de endereçamento <strong>do</strong>s filmes – isto é, quem<br />

filmes particulares pensam que você é ou quem eles<br />

querem que você seja – podem contribuir para relações<br />

desiguais de poder e para a formação inconsciente<br />

de subjetividades específicas. Há subjetividades<br />

específicas – homens e mulheres sexistas e machistas,<br />

racistas de qualquer cor, pessoas ricas e poderosas voltadas<br />

à exploração <strong>do</strong>s outros, por exemplo – e dinâmicas<br />

de poder que alguns estudiosos <strong>do</strong> cinema não<br />

querem ver “forma<strong>do</strong>s” ou recompensa<strong>do</strong>s pelas narrativas<br />

e pelos sistemas de imagem <strong>do</strong>s filmes.<br />

“Eu não!”<br />

Alguns cineastas, convenci<strong>do</strong>s de que as relações<br />

sociais e de poder podem ser afetadas pelo<br />

fato de fazer e de ver filmes, têm feito algumas<br />

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