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Nunca_fomos_humanos_-_nos_rastros_do_suj

Tomaz Tadeu da Silva

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convida<strong>do</strong>s a ocupar um espaço social. Por meio<br />

<strong>do</strong> mo<strong>do</strong> de endereçamento <strong>do</strong> texto, de sua configuração<br />

e de seu formato, um espaço social se<br />

abre para nós. Finalmente, o espaço físico e o espaço<br />

social que somos convida<strong>do</strong>s a ocupar estão<br />

liga<strong>do</strong>s a posições ideológicas – maneiras “naturais”<br />

de examinar e dar senti<strong>do</strong> à experiência. (p. 229)<br />

Masterman dá, depois, um exemplo de posicionamento<br />

de público <strong>nos</strong> programas de notícias da<br />

televisão:<br />

Quan<strong>do</strong> o noticiário inicia, somos endereça<strong>do</strong>s por<br />

um locutor que olha diretamente para a câmera e<br />

apresenta os “fatos”. Cada especta<strong>do</strong>r é coloca<strong>do</strong><br />

no papel de endereça<strong>do</strong> direto. O locutor introduz<br />

uma entrevista filmada. Nossa posição muda.<br />

Não somos mais endereça<strong>do</strong>s diretamente, mas<br />

“espiamos”, vemos e julgamos. As diferentes posições<br />

<strong>nos</strong> asseguram que alguns aspectos da experiência<br />

devem ser aceitos (fatos), enquanto<br />

outros (opiniões) exigem <strong>nos</strong>so julgamento. A<br />

distinção jornalística, altamente questionável, entre<br />

fato e opinião está embutida nas maneiras pelas<br />

quais somos posiciona<strong>do</strong>s em relação a<br />

diferentes aspectos da experiência. (p. 229-30)<br />

O que Masterman está sugerin<strong>do</strong> é que, para compreender<br />

os filmes ou os programas de TV em seus<br />

próprios termos, o especta<strong>do</strong>r deve ser capaz de a<strong>do</strong>tar –<br />

nem que seja apenas imaginária e temporariamente –<br />

os interesses sociais, políticos e econômicos que são as<br />

condições para o conhecimento que eles constroem.<br />

O endereço de um filme educacional dirigi<strong>do</strong> à<br />

estudante, por exemplo, convida-a não apenas à<br />

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