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cultura torna disponível e que os indivíduos utilizam<br />
para dar conta de eventos em suas próprias<br />
vidas, para dar a si mesmos uma identidade no interior<br />
de uma estória particular, para atribuir significa<strong>do</strong><br />
à sua própria conduta e às condutas de<br />
outros em termos de agressão, amor, rivalidade,<br />
intenção, e assim por diante. Isto é, falar sobre o eu<br />
é tanto constitutivo das formas de autoconsciência<br />
e de autocompreensão que os seres <strong>huma<strong>nos</strong></strong> adquirem<br />
e exibem em suas próprias vidas quanto é<br />
constitutivo das próprias práticas sociais, na medida<br />
em que essas práticas não podem ser levadas a<br />
efeito sem certas autocompreensões:<br />
Em vez de supor que as relações das pessoas com<br />
a natureza e com a sociedade são pouco ou nada<br />
afetadas pela linguagem no interior da qual elas<br />
são formuladas, descobrimos que essas mesmas<br />
relações são constituídas pelas formas de fala que<br />
as inspiram, pelas formas de responsabilização<br />
[accountability] pelas quais elas são, por assim dizer,<br />
mantidas em bom esta<strong>do</strong>... Se <strong>nos</strong> descobrimos<br />
agora como viven<strong>do</strong> a nós próprios como<br />
indivíduos autoconti<strong>do</strong>s, autocontrola<strong>do</strong>s, não deven<strong>do</strong><br />
nada a outros por <strong>nos</strong>sa natureza como tal,<br />
acabamos por supor que esse é um esta<strong>do</strong> “natural”<br />
ou fixo das coisas. Em vez disso, trata-se de<br />
uma forma de inteligibilidade historicamente dependente,<br />
que exige, para sua sustentação continuada,<br />
um conjunto de compreensões partilhadas.<br />
(SHOTTER & GERGEN, 1989, p. x)<br />
A subjetividade e as crenças sobre os atributos<br />
<strong>do</strong> eu, <strong>do</strong>s sentimentos, das intenções, são entendidas<br />
aqui como propriedades não de mecanismos<br />
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