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Nunca_fomos_humanos_-_nos_rastros_do_suj

Tomaz Tadeu da Silva

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Esses estu<strong>do</strong>s sobre o eu, que o tomam como<br />

sen<strong>do</strong> construí<strong>do</strong> em narrativas interacionais de acor<strong>do</strong><br />

com os recursos culturais disponíveis, certamente<br />

apreendem algo de importante. Se a subjetivação<br />

é analisada em termos das relações <strong>do</strong>s <strong>huma<strong>nos</strong></strong> consigo<br />

mesmos, os vocabulários discursivamente estabeleci<strong>do</strong>s<br />

exercem um papel importante na composição<br />

e recomposição dessas relações. Mas as análises<br />

conduzidas sob os pressupostos <strong>do</strong> “construcionismo<br />

social” são problemáticas por causa da visão de<br />

linguagem que elas sustentam. A linguagem, nessas<br />

análises, é vista como “fala”, como constituída de<br />

significa<strong>do</strong>s situacionalmente negocia<strong>do</strong>s entre indivíduos.<br />

Como “fala”, sua análise segue o modelo banal<br />

da comunicação, ou da falta de comunicação, na<br />

qual as partes envolvidas, os indivíduos <strong>huma<strong>nos</strong></strong>,<br />

utilizam vários recursos lingüísticos – palavras, explicações,<br />

estórias, atribuições – para construir<br />

mensagens que transmitem intenções, ou para mutuamente<br />

afetar, persuadir, agir. Essas análises inescapavelmente<br />

colocam o agente humano como o<br />

núcleo dessas atividades de produção de senti<strong>do</strong>, ao<br />

ativamente negociar sua trajetória através das teorias<br />

disponíveis a fim de viver uma vida significativa. Portanto,<br />

o ser humano é entendi<strong>do</strong> como aquele agente<br />

que se constrói a si próprio como um eu ao dar à<br />

sua vida a coerência de uma narrativa. Evidentemente,<br />

o eu, simplesmente em virtude de ser capaz de se<br />

narrar a “si próprio”, em uma variedade de formas, é<br />

implicitamente reinvoca<strong>do</strong> como um exterior inerentemente<br />

unifica<strong>do</strong> relativamente a essas comunicações.<br />

Isso <strong>nos</strong> faz lembrar a observação de Nietzsche<br />

de que “um pensamento vem quan<strong>do</strong> ‘ele’ quer e não

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