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Esses estu<strong>do</strong>s sobre o eu, que o tomam como<br />
sen<strong>do</strong> construí<strong>do</strong> em narrativas interacionais de acor<strong>do</strong><br />
com os recursos culturais disponíveis, certamente<br />
apreendem algo de importante. Se a subjetivação<br />
é analisada em termos das relações <strong>do</strong>s <strong>huma<strong>nos</strong></strong> consigo<br />
mesmos, os vocabulários discursivamente estabeleci<strong>do</strong>s<br />
exercem um papel importante na composição<br />
e recomposição dessas relações. Mas as análises<br />
conduzidas sob os pressupostos <strong>do</strong> “construcionismo<br />
social” são problemáticas por causa da visão de<br />
linguagem que elas sustentam. A linguagem, nessas<br />
análises, é vista como “fala”, como constituída de<br />
significa<strong>do</strong>s situacionalmente negocia<strong>do</strong>s entre indivíduos.<br />
Como “fala”, sua análise segue o modelo banal<br />
da comunicação, ou da falta de comunicação, na<br />
qual as partes envolvidas, os indivíduos <strong>huma<strong>nos</strong></strong>,<br />
utilizam vários recursos lingüísticos – palavras, explicações,<br />
estórias, atribuições – para construir<br />
mensagens que transmitem intenções, ou para mutuamente<br />
afetar, persuadir, agir. Essas análises inescapavelmente<br />
colocam o agente humano como o<br />
núcleo dessas atividades de produção de senti<strong>do</strong>, ao<br />
ativamente negociar sua trajetória através das teorias<br />
disponíveis a fim de viver uma vida significativa. Portanto,<br />
o ser humano é entendi<strong>do</strong> como aquele agente<br />
que se constrói a si próprio como um eu ao dar à<br />
sua vida a coerência de uma narrativa. Evidentemente,<br />
o eu, simplesmente em virtude de ser capaz de se<br />
narrar a “si próprio”, em uma variedade de formas, é<br />
implicitamente reinvoca<strong>do</strong> como um exterior inerentemente<br />
unifica<strong>do</strong> relativamente a essas comunicações.<br />
Isso <strong>nos</strong> faz lembrar a observação de Nietzsche<br />
de que “um pensamento vem quan<strong>do</strong> ‘ele’ quer e não