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Nunca_fomos_humanos_-_nos_rastros_do_suj

Tomaz Tadeu da Silva

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fixos, ajuda-<strong>nos</strong> a perfilar formas de subjetividade<br />

múltiplas, heterogêneas, de confins flui<strong>do</strong>s.<br />

Deleuze efetua uma genealogia da subjetividade,<br />

na qual analisa os processos de subjetivação. De<br />

fato, para Deleuze só existem processos e esses processos<br />

só podem ser processos de unificação, de subjetivação,<br />

de racionalização. Ele examina a gênese<br />

da subjetividade em um momento e em um nível<br />

anterior à individuação, compreendida como entidades<br />

<strong>do</strong> tipo “substâncias” ou “<strong>suj</strong>eitos”. Ele tenta,<br />

como assinala Foucault,<br />

Pensar intensidades em vez (e antes) de qualidades<br />

e quantidades; profundidades em vez de<br />

comprimentos e larguras; movimentos de individuação<br />

em vez de espécies e gêneros; e mil peque<strong>nos</strong><br />

<strong>suj</strong>eitos larvares, mil pequenas palavras<br />

dissolvidas, mil passividades e formigueiros lá onde<br />

reinava, ontem, o <strong>suj</strong>eito soberano. (FOUCAULT,<br />

1993, p. 238)<br />

Ele <strong>nos</strong> mostra, assim, um território povoa<strong>do</strong><br />

de singularidades pré-individuais: intensidades, profundidades,<br />

movimentos, <strong>suj</strong>eitos larvares... A geração<br />

de subjetividades não consiste na demarcação<br />

<strong>do</strong>s limites de um eu, enclausura<strong>do</strong> e interior, mas<br />

na idéia de que ele é o efeito de uma função ou<br />

operação que sempre se produz na exterioridade<br />

desse eu. O <strong>suj</strong>eito já não é uma unidade-identidade,<br />

mas envoltura, pele, fronteira: sua interioridade<br />

transborda em contato com o exterior.<br />

Deleuze substitui a lógica <strong>do</strong> ser pela lógica da<br />

conjunção, substitui o “é”, que identifica, pelo “e”,<br />

que relaciona: a identidade pela multiplicidade. E o

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