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Nunca_fomos_humanos_-_nos_rastros_do_suj

Tomaz Tadeu da Silva

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ALMAS DOBRADAS<br />

Se hoje vivemos <strong>nos</strong>sas vidas como <strong>suj</strong>eitos psicológicos<br />

que vemos como sen<strong>do</strong> a origem de <strong>nos</strong>sas<br />

ações, se <strong>nos</strong> sentimos obriga<strong>do</strong>s a <strong>nos</strong> colocar a nós<br />

próprios com <strong>suj</strong>eitos com uma certa e desejada ontologia,<br />

uma vontade de ser, isso se deve às formas<br />

pelas quais relações particulares <strong>do</strong> exterior têm si<strong>do</strong><br />

invaginadas, <strong>do</strong>bradas, para formar um la<strong>do</strong> de dentro<br />

ao qual um la<strong>do</strong> de fora deve sempre fazer referência.<br />

Uma vez mais, é Deleuze quem refletiu<br />

mais instrutivamente sobre uma filosofia da <strong>do</strong>bra<br />

(DELEUZE, 1992a, 1992b, veja especialmente o<br />

uso dessa noção em sua discussão da subjetivação<br />

em seu livro sobre Foucault: DELEUZE, 1988, p. 94-<br />

123). “O que importa, sempre, é <strong>do</strong>brar, des<strong>do</strong>brar,<br />

re<strong>do</strong>brar” (DELEUZE, 1992a, p. 137). O conceito de<br />

<strong>do</strong>bra pode fazer surgir um diagrama generalizável<br />

para pensar as relações, as conexões, as multiplicidades<br />

e as superfícies – sua formação de profundidades,<br />

singularidades, estabilizações. Esse diagrama da <strong>do</strong>bra<br />

descreve uma figura na qual o la<strong>do</strong> de dentro, o<br />

subjetivo, é, ele próprio, não mais que um momento,<br />

ou uma série de momentos, por meio <strong>do</strong> qual uma<br />

“profundidade” foi constituída no ser humano. A profundidade<br />

e sua singularidade não são, pois, mais <strong>do</strong><br />

que aquelas coisas que foram escavadas para criar um<br />

espaço ou uma série de cavidades, plissa<strong>do</strong>s e campos<br />

que só existem em relação àquelas mesmas forças,<br />

linhas, técnicas e invenções que as sustentam.<br />

As linguagens, as técnicas, os locais institucionais<br />

e as relações enunciativas da medicina clínica<br />

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