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Livro EDM

"A Herança das Minas Abandonadas - O Enquadramento e a Situação em Portugal"

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20 The Legacy of Abandoned Mines<br />

DEVEMOS SUBSTITUIR O PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR PELO DO BENEFICIÁRIO-<br />

PAGADOR?<br />

Tem havido um grande debate acerca da eficácia da aplicação do princípio do poluidor-pagador, para atribuir responsabilidades legais pelos danos<br />

ambientais causados, no caso dos legados mineiros negativos. Na prática, muitas das empresas que operaram as minas onde o legado mineiro é<br />

actualmente um problema, já não existem hoje ou, se existem, não têm recursos para resolver esses problemas. Mesmo quando é possível identificar<br />

os proprietários anteriores (que não os últimos), estes estão muitas vezes protegidos pelos termos dos contratos de cessão de participações que os<br />

ilibam das responsabilidades nos locais de que foram proprietários.<br />

Uma abordagem possível seria a de reconhecer um tipo de responsabilidade partilhada que incluiria, não só as empresas mineiras, como também os<br />

governos dos países onde a actividade tem lugar e com responsabilidades de regulamentar a indústria mineira e, ainda, os países que beneficiam da<br />

subvalorização das matérias-primas (uma vez que os custos ambientais e sociais foram externalizados) e as sociedades que beneficiam de crescimento<br />

económico com base nessas matérias-primas subavaliadas. Neste modelo de responsabilidade partilhada, todos os beneficiários deviam contribuir<br />

para a resolução dos problemas causados pelo legado negativo das minas.<br />

O receio de uma responsabilidade ilimitada é um enorme obstáculo para que empresas mineiras actuais ou terceiros disponibilizem capacidade técnica<br />

e conhecimentos para evitar ou corrigir os problemas dos legados ambientais e sociais negativos. Todas as empresas têm departamentos jurídicos<br />

para assegurar que a empresa não incorre em responsabilidades contínuas uma vez constituída e que não se envolve em nenhum local que possa<br />

ter responsabilidades acrescidas associadas. Em muitas jurisdições, a legislação dificulta esta acção, transferindo a responsabilidade da limpeza para<br />

quem se propõe realizá-la.<br />

O QUE SÃO BOAS PRÁTICAS NA RESOLUÇÃO DOS PROBLEMAS DO LEGADO DAS MINAS?<br />

As boas práticas de política empresarial e de desempenho quase nunca podem ser demonstradas num único local. Em vez disso, é comum que<br />

qualquer modelo de boas práticas seja construído a partir de vários locais e de várias experiências. A noção de que existe uma resposta que<br />

serve para todas as situações também não ajuda, uma vez que seria admitir que a diversidade dos factores físicos, sociais, económicos, políticos<br />

e biológicos que interagem nos locais com legados negativos, seriam menos importantes do que as indicações decorrentes da aplicação de um<br />

modelo único. É provavelmente mais útil, e seguramente mais duradouro, considerar uma série de exemplos de boas práticas colhidas em vários<br />

locais e tipos de operações.<br />

SHOULD WE MOVE FROM<br />

POLLUTER PAYS TO<br />

BENEFICIARY PAYS?<br />

There has been much debate about<br />

the efficacy of applying the Polluter<br />

Pays Principle in the case of mining<br />

legacy to assign legal liability for<br />

environmental damage. In practice,<br />

many of the companies which operated<br />

the sites where mining legacy<br />

is currently a problem do not exist<br />

today or, if they exist, have no assets<br />

to apply to the problem. Even<br />

where previous (but not last) owners<br />

can be identified, they are often<br />

protected by the terms of divestment<br />

agreements against liabilities arising<br />

from the sites they formerly owned.<br />

An alternative approach would recognise<br />

a model of shared responsibility<br />

that includes not only mining<br />

companies, but also host country<br />

governments that regulated the industry,<br />

the countries that benefited<br />

from under-priced minerals (because<br />

the true environmental and social<br />

costs were externalised), and the societies<br />

that benefited from economic<br />

growth based on these under-priced<br />

mineral resources. In this model of<br />

shared responsibility, all beneficiaries<br />

should contribute to the resolution of<br />

mining legacy.<br />

The fear of unlimited liability is an<br />

enormous stumbling block to today’s<br />

mining companies or other third parties<br />

providing the technical capacity<br />

and know-how to avoid or correct<br />

environmental and social legacy. All<br />

companies have legal departments<br />

to ensure that the company is not<br />

left with continuing liabilities once<br />

it exits and does not get involved in<br />

any site that might have additional<br />

liability attached to it. In many jurisdictions,<br />

legislation hinders action<br />

by transferring liability for clean-up<br />

to the party in question.

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