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Revista Elas por elas 2015

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

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ponto é trabalhar com a história e<br />

cultura africana e afro-brasileira, e isso<br />

não necessariamente é trabalhar com o<br />

racismo. Porque não vou restringir o<br />

trabalho sobre a história de um continente<br />

a um período histórico. Você<br />

tem uma África antes e uma África<br />

pós-escravidão. Temos escritores africanos,<br />

cientistas, uma diversidade cultural<br />

imensa para apresentar, da mesma<br />

forma que o continente europeu tem.<br />

O trabalho tem de pensar, e principalmente<br />

na educação infantil, que as<br />

crianças nem sabem sobre o racismo.<br />

Na verdade o que essas crianças precisam<br />

conhecer nessa idade é sobre seu<br />

corpo, sua pele, seu cabelo. A criança<br />

negra precisa ter seu cabelo valorizado.<br />

As crianças precisam saber que o cabelo<br />

crespo não é duro, apresentar de uma<br />

forma que o valorize. Crianças que tem<br />

a possibilidade de ver o cabelo crespo<br />

de diversas formas, independentemente<br />

de serem negras ou brancas, passam a<br />

perceber a beleza também nessa estética.<br />

não pode. A gente percebe que, no<br />

início do ano, nas reuniões escolares,<br />

fala-se de tudo, de alimentação, de<br />

fralda, mas sobre relações humanas<br />

não se fala. Quando se fala da lei, da<br />

diversidade, muita gente diz que tem<br />

de cuidar da autoestima da criança<br />

negra. O que vejo é que a criança<br />

negra nasce com uma autoestima lá<br />

em cima. O que tem de cuidar é das<br />

outras pessoas, para não prejudicarem<br />

essa autoestima. Porque quem causa<br />

os danos são os outros. As crianças<br />

nascem bem com <strong>elas</strong> mesmas.<br />

De modo geral, o sistema educacional<br />

tem reproduzido esse quadro?<br />

Acho que ainda estamos saindo da<br />

fase da negação. Rosa Margarida, que<br />

é uma pesquisadora que gosto muito,<br />

diz que primeiro passamos pela fase<br />

da negação, do “aqui não existe racismo”.<br />

Hoje você não tem um profissional<br />

que seja pesquisador e que diga<br />

que não existe racismo no sistema educacional.<br />

Em todas as escolas você vai<br />

ter essa concretude. O segundo passo<br />

passa p<strong>elas</strong> pessoas identificarem qual<br />

a responsabilidade que <strong>elas</strong> têm nesse<br />

processo, <strong>por</strong>que a tendência é achar<br />

assim: mas eu não sou culpado <strong>por</strong><br />

isso, ou isso aconteceu foi no passado<br />

e não tem jeito de fazer mais nada.<br />

Tem sim, a escola e a gestão que se<br />

propõe a trazer todos os profissionais<br />

para esse processo terão um impacto<br />

considerável para a maioria das crianças.<br />

E para os professores darem conta<br />

BRUNO CARVALHO<br />

A im<strong>por</strong>tância estaria nesse campo<br />

da diversidade, do respeito às<br />

diferenças?<br />

Exatamente. Com um cuidado: não<br />

deixar passar as situações em que a<br />

criança, mesmo sem perceber o dano,<br />

discrimina. Se você chega hoje em<br />

uma instituição de ensino infantil, não<br />

há nenhuma parede pichada. Porque<br />

seja uma criança de dois anos, um<br />

ano, se ela rabiscar a parede, alguém<br />

fala que não pode. As crianças aprendem<br />

a chamar <strong>por</strong> apelidos, chamar<br />

de macaco, de cabelo pixaim, <strong>por</strong>que<br />

encontram permissividade. Nessas<br />

situações de discriminação, mesmo<br />

que ela tenha três, quatro anos, a<br />

escola tem de pontuar sobre o tratamento<br />

respeitoso, o que pode e o que<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Elas</strong> <strong>por</strong> <strong>Elas</strong> - Abril <strong>2015</strong>

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