Revista Elas por elas 2015
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
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Um olhar<br />
de fora<br />
da lona<br />
Falta de políticas<br />
públicas aumenta<br />
os desafios das<br />
artistas circenses<br />
DIVULGAÇÃO<br />
A estimativa é que ainda existam no<br />
Brasil mais de dois mil circos itinerantes.<br />
Só em Minas Gerais, há cerca de cem.<br />
É o que fala a presidenta da Rede de<br />
Apoio ao Circo (RAC) e autora da obra<br />
Encircopédia - Dicionário Crítico Ilustrado<br />
do Circo no Brasil, Sula Kyriacos<br />
Mavrudis(foto). “Trabalhamos com estimativas<br />
<strong>por</strong>que, infelizmente, o circo e<br />
as famílias circenses não entram na<br />
contagem do IBGE. Na hora do censo,<br />
o pesquisador pula o circo e vai para a<br />
próxima casa. Isso é um desrespeito<br />
com eles. Como não são levados em<br />
conta, não existe também uma política<br />
pública que cuide dessa parcela da população.<br />
Assim, se enfrentam, <strong>por</strong> exemplo,<br />
uma tempestade e perdem seu<br />
equipamento de trabalho, não terão<br />
amparo legal. Não podem participar<br />
de qualquer outro programa de assistência<br />
social como receber a cesta básica<br />
das prefeituras ou o Bolsa Família e<br />
nem participar de projetos culturais <strong>por</strong><br />
meio da lei de isenção fiscal <strong>por</strong>que<br />
não têm endereço fixo”, revela.<br />
Assim, da mesma forma, a mulher<br />
circense não pode, <strong>por</strong> exemplo, fazer<br />
o pré-natal nos hospitais públicos das<br />
cidades onde chega para uma tem<strong>por</strong>ada.<br />
“A circense é uma guerreira,<br />
pois é uma educadora sem ter tido<br />
acesso à escola, ensina valores e profissão<br />
a partir do que aprendeu no<br />
circo com suas famílias. E ela sabe<br />
brigar pelos direitos dos filhos, <strong>por</strong><br />
atendimento em hospital, pela vaga<br />
na escola. É comum ter que ir para a<br />
“O circo e as<br />
famílias circenses<br />
não entram na<br />
contagem do<br />
IBGE”.<br />
Delegacia de Ensino cobrar o cumprimento<br />
da Lei 6533/78, quando diretores<br />
não aceitam seus filhos na sala<br />
de aula”, explica.<br />
Mesmo compartilhando as responsabilidades<br />
da casa e do picadeiro, a<br />
mulher circense ainda enfrenta o machismo<br />
e sofre com preconceito <strong>por</strong><br />
onde passa. “Mas, em geral, não sofre<br />
violência doméstica, <strong>por</strong>que os familiares<br />
estão juntos, no trailer ao lado. Nunca<br />
vi usuários de droga e não tem alcóolatras,<br />
a não ser alguns que vêm de<br />
fora. Já vi até separação de casal, mas<br />
muitas vezes, continuam no mesmo<br />
circo. Os casamentos são mais longos<br />
e a relação familiar é boa, pois vivem<br />
e trabalham juntos. Existe uma cumplicidade<br />
profissional, de criar, ensaiar<br />
e executar juntos, números acrobáticos<br />
com precisão”, conta Sula Mavrudis.<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Elas</strong> <strong>por</strong> <strong>Elas</strong> - Abril <strong>2015</strong>