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Revista Elas por elas 2015

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

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111<br />

Reconhecendo que nunca teve muito<br />

apego ao cabelo, <strong>por</strong>que sabe que<br />

cresce de novo, Ronízia imagina que se<br />

o perdesse sentiria muita falta. “Acredito<br />

que também teria vergonha de sair de<br />

casa, pois sei que o cabelo é um<br />

símbolo da vaidade feminina. Então,<br />

colocando-me no lugar das mulheres<br />

que perdem, de forma tão violenta, o<br />

couro cabeludo. Me doeu na alma só de<br />

imaginar o sofrimento d<strong>elas</strong>”, relata.<br />

O que chamou a atenção de Ronízia<br />

Gonçalves foi o fato das mulheres se<br />

organizarem e, a partir de algo<br />

ruim, construirem uma nova realidade<br />

para <strong>elas</strong> e suas famílias. “<strong>Elas</strong> não<br />

permaneceram como vítimas, <strong>elas</strong> reagiram!<br />

Muitas d<strong>elas</strong> ganharam novas<br />

profissões, superaram o trauma, fizeram<br />

cirurgias reparadoras da face, conseguiram<br />

leis que tratam da questão. Enfim,<br />

tudo isso me motivou a doar os<br />

meus cabelos”, diz.<br />

O pedido de solidariedade que chegou<br />

aos ouvidos e ao coração da antropóloga<br />

de Rio Branco saiu de<br />

Brasília, na voz da jornalista Mara Régia<br />

Di Perna(foto), que há 34 anos é responsável<br />

pelo Viva Maria, programa<br />

pioneiro na mobilização das mulheres<br />

na luta <strong>por</strong> seus direitos, e, há mais de<br />

20 anos, navega os rios da Amazônia<br />

nas ondas da rádio Nacional com o Programa<br />

Natureza Viva. “Minha militância<br />

<strong>por</strong> essa causa começou em 2007,<br />

quando fiz matéria sobre uma mobilização<br />

no Congresso Nacional, em prol<br />

da lei que a deputada Janete Capiberibe<br />

(PSB/AP) estava querendo aprovar<br />

para evitar que os acidentes continuassem<br />

vitimando o povo das águas. Felizmente,<br />

hoje, a lei 11970/2009, que<br />

obriga a instalação de uma proteção<br />

sobre o eixo, o motor e as partes móveis<br />

das embarcações, é uma realidade.<br />

Mas, como apenas a lei não conseguiu<br />

impedir que novos acidentes continuassem<br />

acontecendo, <strong>por</strong> ocasião do primeiro<br />

mutirão de cirurgias reparadoras<br />

que aconteceu, em 2012, em Macapá,<br />

resolvemos criar uma campanha de mobilização<br />

em torno do apoio às vítimas<br />

que precisavam não só de cabelos para<br />

a produção de perucas, mas também de<br />

máquinas de costura capazes de dar<br />

conta do trabalho”, conta.<br />

Segundo Mara Régia, a resposta<br />

diante da campanha vem de todos os<br />

cantos e o rádio tem sido fundamental,<br />

pois consegue alcançar as pessoas que<br />

se encontram em situação de isolamento.<br />

“Sempre recebemos doações<br />

de cabelos. O trabalho da cabeleireira<br />

Maria Vanilza, que tem um salão de<br />

beleza no Guará, cidade de Brasília, e<br />

faz os cortes de graça quando o objetivo<br />

é doar os cabelos para as vítimas do<br />

acidente, também tem ajudado muito.<br />

Em dezembro, estive em Macapá para<br />

a entrega de uma mecha de cabelos<br />

de um metro e meio de comprimento<br />

doada <strong>por</strong> uma jovem de 14 anos que<br />

nunca havia cortado os cabelos. Sem<br />

dúvida, o caso dessa “Rapunzel” e´ o<br />

maior indicador de sucesso de nossa<br />

campanha”, afirma.<br />

Para a jornalista, “como as digitais,<br />

o cabelo é traço de identidade e, ao<br />

mesmo tempo, traduz, melhor do que<br />

as palavras, nosso jeito de ser e nossa<br />

personalidade. Por isso, tem uma relação<br />

tão direta com a nossa autoestima.<br />

Sem falar da festa que faz no nosso<br />

imaginário, desde os tempos de Sansão<br />

e Dalila. Arriscaria dizer que ele é o espelho<br />

da alma da gente. Tanto assim<br />

que, em prosa e verso, se faz presente<br />

na nossa MPB como um tema recorrente”,<br />

completa Mara Régia.ø<br />

AGÊNCIA BRASIL<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Elas</strong> <strong>por</strong> <strong>Elas</strong> - Abril <strong>2015</strong>

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