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Revista Elas por elas 2015

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

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120<br />

Memórias do<br />

jornalista Audálio<br />

Dantas<br />

Para o jornalista Audálio Dantas, a<br />

catadora Carolina sempre quis ser descoberta<br />

e reconhecida como uma escritora.<br />

Ele acredita que, no primeiro<br />

contato, ela imaginava que ele era um<br />

repórter e queria chamar atenção.<br />

“Quando estava na favela Canindé<br />

para cobrir a inauguração de um playground,<br />

me deparei com uma mulher<br />

gritando para os adultos que usavam<br />

os brinquedos, dizendo que ia colocar<br />

o nome deles em seu livro. A minha<br />

curiosidade de repórter fez com que<br />

eu fosse até a casa dela e visse o seu<br />

diário iniciado em 1955. Era uma descrição<br />

muito forte e verdadeira. Nenhum<br />

repórter conseguiria escrever como<br />

quem vivencia aquela situação de pobreza,<br />

de dentro pra fora”, conta.<br />

O jornalista propôs que o jornal publicasse<br />

alguns trechos do manuscrito<br />

que ele selecionou sem mexer na forma,<br />

somente fazendo uma introdução. “Essa<br />

foi a re<strong>por</strong>tagem mais im<strong>por</strong>tante da<br />

minha vida, afirma. Mais tarde ele descobriu<br />

que, antes de encontrar-se com<br />

Carolina, no próprio jornal Folha de S.<br />

Paulo onde trabalhava, havia uma pequena<br />

matéria sobre ela, intitulada poetiza<br />

negra. “Parece que aqu<strong>elas</strong> poucas linhas<br />

haviam sido publicadas para o repórter<br />

se livrar da insistência dela para a publicação<br />

de suas poesias”, relembra.<br />

Juntamente com o sucesso da publicação,<br />

vieram também as críticas.<br />

“Ela tinha vocação, lia muito. Sendo<br />

semianalfabeta – estudou somente dois<br />

anos – assimilava as coisas do jeito<br />

dela. Dona de uma personalidade forte,<br />

sabia que tinha valor”, revela. Segundo<br />

Audálio, Carolina se considerava uma<br />

escritora, mas não possuía o instrumental<br />

cultural para escrever dentro<br />

das normas e isso gerava críticas.<br />

Segundo ele, a escritora faleceu<br />

frustrada pelo sucesso de seu primeiro<br />

livro não ter se repetido nos demais.<br />

“Sua personalidade difícil, diferenciada<br />

e excepcional criava certos problemas<br />

pra ela. O que também me impediu de<br />

ajudá-la mais”, desabafa o jornalista,<br />

hoje com 82 anos.<br />

INTERNET<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Elas</strong> <strong>por</strong> <strong>Elas</strong> - Abril <strong>2015</strong>

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