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Revista Elas por elas 2015

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

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95<br />

O ofício do professor e da professora<br />

é ensinar, despertar o interesse dos<br />

alunos pelos saberes e acontecimentos<br />

do mundo, desenvolver atividades que<br />

façam aflorar a criatividade e o gosto<br />

pela vida, transmitir conhecimentos e<br />

valores humanos que acompanhem os<br />

alunos pelos caminhos que forem trilhar...<br />

Mesmo sendo uma profissão antiga,<br />

os mestres têm sempre que renovar<br />

o propósito de educar, para que suas<br />

práticas se adaptem às mudanças e<br />

demandas dos novos tempos. Diante<br />

disso, novos projetos surgem e trazem<br />

novos ares para o cotidiano escolar.<br />

Algumas dessas práticas, então, tornam-se<br />

conhecidas através de prêmios<br />

promovidos para incentivar os professores<br />

a aprimorar sua atuação em sala<br />

de aula. Um desses prêmios foi promovido<br />

em 2014 pelo Sinpro<br />

Minas, Nandyala Livraria & Editora,<br />

Sind-Ute, entre outras entidades. O<br />

Prêmio Educa Minas para a Diversidade<br />

destacou ações pedagógicas voltadas<br />

para o respeito à diversidade étnico-racial,<br />

desenvolvidas <strong>por</strong> professores<br />

da Educação Básica de escolas<br />

privadas e públicas de Minas Gerais.<br />

A iniciativa premiou docentes que<br />

fazem acontecer a Lei 10.639 em suas<br />

escolas. Essa lei, que tornou obrigatório<br />

o ensino da História e Cultura Afrobrasileira<br />

no ensino fundamental e médio<br />

desde 2003, foi atualizada pela<br />

Lei 11.645/2008, que acrescentou o<br />

ensino da História e Cultura Indígena<br />

no currículo escolar. Em 2013, essa<br />

legislação foi alterada pela Lei de Diretrizes<br />

e Bases da Educação Nacional<br />

(Lei 12.796).<br />

Doze anos depois da aprovação da<br />

lei 10.639, ainda pouco se faz para<br />

que ela se torne realidade em boa parte<br />

das escolas brasileiras. Para a diretora<br />

“Premiar é valorizar<br />

quem já está fazendo,<br />

para que outros<br />

professores<br />

acompanhem e<br />

vençam as resistências<br />

à temática no<br />

ambiente escolar”.<br />

do Sinpro Minas, Terezinha Avelar, a<br />

temática deve permear o projeto político-pedagógico<br />

das instituições de ensino<br />

ao longo de todo o ano. “Essa discussão<br />

deve envolver todos os professores,<br />

pois não pode ser responsabilidade de<br />

uma pessoa somente. Muitas vezes, se<br />

espera ou se delega essa iniciativa a<br />

professoras negras”. Para ela, o Prêmio<br />

Educa Minas realça o papel do/a professor/a<br />

na implementação da lei. “Premiar<br />

é valorizar quem já está fazendo,<br />

para que outros professores acompanhem<br />

e vençam as resistências à temática<br />

no ambiente escolar”.<br />

Em Minas Gerais, doze professores/as<br />

da rede particular, filiados/as<br />

ao Sinpro, tiveram seus projetos de<br />

implementação da Lei 10.639 reconhecidos<br />

pelo Prêmio Educa Minas.<br />

Um desses projetos premiados foi desenvolvido<br />

pela professora Fernanda<br />

Gontijo de Abreu, e mais seis professores,<br />

em uma escola de Belo Horizonte,<br />

dentro do Projeto Institucional<br />

desenvolvido ao longo de 2013.<br />

O tema central do projeto foi a<br />

presença do negro na brasilidade. “Considerávamos<br />

urgente problematizar a<br />

presença do negro no Brasil, que<br />

parece cada vez mais se esquecer da<br />

sua história, e que ainda mantém arraigadas<br />

e dissimuladas posturas de<br />

preconceito, exclusão e dominação<br />

quando o assunto é a questão racial, a<br />

liberdade e a igualdade de o<strong>por</strong>tunidades”,<br />

destacou a professora Fernanda<br />

Gontijo. O projeto se desdobrou em<br />

ações pedagógicas nas áreas de Ciências,<br />

História, Geografia, Artes, Português,<br />

Música e Literatura. O trabalho<br />

desenvolvido pela professora Fernanda<br />

na área de Língua Portuguesa foi a<br />

produção de um jornal com artigos de<br />

interesse dos alunos sobre o tema.<br />

Além disso, eles realizaram pesquisas<br />

orientadas pelos professores, assistiram<br />

filmes, visitaram a Comunidade Quilombola<br />

de Mangueira, localizada no<br />

bairro Aarão Reis, a Casa África (centro<br />

cultural e consulado do Senegal em<br />

BH), e participaram de uma palestra e<br />

atividade de capoeira coletiva com o<br />

Mestre João Angoleiro e alguns capoeiristas.<br />

Como resultado, os alunos<br />

produziram diversos trabalhos plásticos,<br />

literários e científicos, que ficaram expostos<br />

até a primeira etapa de 2014,<br />

e receberam visitas da comunidade escolar,<br />

além de moradores do bairro.<br />

Para Fernanda Gontijo, o projeto<br />

gerou aprendizado para todos os<br />

envolvidos, inclusive para os professores.<br />

“Eu mais aprendi do que ‘ensinei’,<br />

o que é muito bom. Um trabalho que<br />

investe no desenvolvimento do pensamento<br />

crítico, e não dogmático,<br />

mobiliza saberes para todos os que<br />

estejam verdadeiramente envolvidos<br />

com a proposta”. Ela conta que o projeto<br />

a fez reviver e resgatar as mais<br />

inspiradoras experiências de sua infância<br />

e adolescência dentro do ambiente<br />

escolar. “Ao discutir o tema da negritude<br />

na brasilidade, vieram à tona<br />

também os temas implícitos da liberdade,<br />

justiça, valorização e dignidade<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Elas</strong> <strong>por</strong> <strong>Elas</strong> - Abril <strong>2015</strong>

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