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Revista Elas por elas 2015

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

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49<br />

Os impedimentos internos e externos<br />

na rotina feminina em Gaza contribuíram<br />

para que muitas mulheres<br />

passassem a exercer papel ativo dentro<br />

dos movimentos nacionalistas palestinos.<br />

Atualmente é bastante comum encontrar<br />

mulheres envolvidas em assuntos<br />

políticos ao lado dos seus maridos,<br />

filhos e irmãos, em inúmeras manifestações<br />

de rua, sit-ins, na organização<br />

de petições públicas e nos partidos<br />

políticos palestinos. A progressiva politização<br />

feminina possibilitou que as<br />

bandeiras nacionais passassem a ser<br />

diretamente relacionadas às reivindicações<br />

de gênero.<br />

Foi durante os acordos de paz de<br />

Madrid, em 1991, que muitas lideranças<br />

femininas invadiram o cenário que<br />

antes estava ocupado, em quase sua<br />

totalidade, <strong>por</strong> homens. Nessa ocasião,<br />

um conselho de mulheres apresentou<br />

ao Congresso Legislativo palestino uma<br />

proposta de fixação de uma quota mínima<br />

de um terço de mulheres no parlamento.<br />

É estimado que a militância<br />

feminina tenha aumentado vertiginosamente<br />

em decorrência da segunda<br />

Intifada, em 2000.<br />

Mesmo sob condições bastante adversas,<br />

como a falta de emprego, a<br />

maioria das mulheres na Faixa de Gaza<br />

pode ser considerada grande provedora<br />

e militante política. Geralmente ocupam,<br />

na maior parte dos casos, o setor da<br />

educação, como professoras primárias<br />

e universitárias, e o setor têxtil como<br />

costureiras. E, mesmo obtendo salários<br />

inferiores aos dos homens, ainda conseguem<br />

dis<strong>por</strong> de tempo para o ativismo<br />

político, seja nas manifestações contra<br />

a ocupação, seja <strong>por</strong> intermédio da<br />

linguagem escrita sob o ofício de escritoras,<br />

poetisas e jornalistas. Vale ressaltar<br />

que grande parte das mulheres<br />

jovens de Gaza, mesmo vivendo abaixo<br />

INTERNET<br />

do nível de pobreza, aprenderam a se<br />

comunicar em inglês e mantêm contato<br />

frequente com outras ativistas estrangeiras<br />

pela internet. Muitas inclusive<br />

são bem avaliadas em cursos no exterior<br />

e nos programas de pós-graduação,<br />

mestrado e doutorado, mundo afora.<br />

E, mesmo distante da Palestina, seguem<br />

com o ativismo político na diás<strong>por</strong>a.<br />

Diante da impossibilidade de viver<br />

dignamente no que se tornou a Faixa<br />

de Gaza, muitas mulheres passaram a<br />

viver no exílio e muitas gerações nasceram<br />

e ainda nascem no exílio, sem<br />

ao menos conhecer sua terra natal.<br />

Esse imenso refúgio passou a ser o<br />

local onde as vozes femininas ecoam<br />

pela reafirmação da identidade e pela<br />

sua existência ao mesmo tempo em<br />

que, quando sufocadas, gritam <strong>por</strong> socorro<br />

e atenção. A mulher palestina<br />

está em todos os lugares e em cada<br />

canto do mundo existe um pouco da<br />

Palestina, caberá a nós mesmos prestar<br />

atenção e evitar que essas histórias<br />

testemunhadas <strong>por</strong> tantas mulheres sejam<br />

esquecidas e a existência da Palestina<br />

continue a ser negada.ø<br />

Luciana Garcia de Oliveira<br />

Pós-graduada em Política e Relações<br />

Internacionais pela Fundação<br />

Escola de Sociologia e Política de<br />

São Paulo (FESP), mestranda no<br />

Programa de Estudos Árabes e Judaicos<br />

do Departamento de Letras<br />

Orientais da Universidade de São<br />

Paulo (DLO-USP), integrante do<br />

grupo de pesquisa “Conflitos Armados,<br />

Massacres e Genocídios da<br />

Era Contem<strong>por</strong>ânea” da Universidade<br />

Federal de São Paulo (UNI-<br />

FESP) e pesquisadora associada da<br />

Interdisciplinary Research Network<br />

on Latin America and the<br />

Arab World (RIMAAL). Email: luciana.garcia83@gmail.com.<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Elas</strong> <strong>por</strong> <strong>Elas</strong> - Abril <strong>2015</strong>

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