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Revista Newslab Edição 166

Revista Newslab Edição 166 - Julho 2021

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Autoras: Stéfani Werlang Sacon, Allyne Cristina Grando<br />

ARTIGO CIENTÍFICO I<br />

Gestantes e Recém-Nascidos<br />

As gestantes que já tiveram<br />

contato com o parasita antes<br />

de engravidar e que já tenham<br />

desenvolvido imunidade não irão<br />

transmitir a infecção ao feto, a não<br />

ser que haja uma reativação da<br />

doença durante a gestação, o que<br />

é comum em pacientes com o Vírus<br />

da Imunodeficiência Humana (HIV),<br />

em mulheres que estejam recebendo<br />

corticóides, que possuam alguma<br />

outra doença hematológica maligna<br />

ou estejam recebendo qualquer<br />

outro tipo de imunossupressor. Os<br />

danos causados irão depender da<br />

virulência da cepa do parasita, da<br />

integridade do sistema imune da<br />

gestante e do período gestacional<br />

em que a mulher está9,10. O fato<br />

de que os sintomas na mãe sejam<br />

brandos não significa que isso se<br />

aplica ao feto e, quanto mais cedo na<br />

gestação a mãe se contaminar com o<br />

T. gondii ou reativar a doença, mais<br />

graves serão os danos causados ao<br />

feto 1,10 .<br />

Caso a infecção ocorra no primeiro<br />

trimestre da gestação as chances<br />

de contaminação do feto são baixas<br />

(15%), pois a placenta possui<br />

dimensões pequenas tornando mais<br />

difícil o acesso do T. gondii a esse<br />

tecido, entretanto, caso a infecção<br />

se estabeleça as consequências<br />

podem ser gravíssimas uma vez que<br />

é nesse período gestacional que<br />

ocorre a organogênese, podendo<br />

ocorrer inclusive a morte fetal. No<br />

segundo trimestre com o aumento<br />

da placenta, a chance de infecção<br />

fetal também aumenta (30%), mas<br />

como a organogênese já ocorreu<br />

as consequências serão menos<br />

graves, nesse caso poderá ocorrer a<br />

Tétrade de Sabin (retinocoroidite,<br />

calcificações cerebrais, retardo<br />

mental e hidrocefalia com macro ou<br />

microcefalia). Já no terceiro trimestre<br />

a chance de infecção fetal é de 60%<br />

mas as consequências causadas não<br />

são tão graves, a criança poderá<br />

nascer normal e em alguns dias<br />

ou meses após o parto existe a<br />

possibilidade de que ela desenvolva<br />

febre, manchas pelo corpo e<br />

cegueira 8,10 . O Ministério da Saúde<br />

(MS) preconiza que o tratamento<br />

seja realizado com espiramicina,<br />

alternada ou não com sulfadiazina,<br />

ácido folínico e pirimetamina<br />

dependendo da idade gestacional<br />

e infecção fetal 11 . É importante<br />

salientar que este tratamento,<br />

mesmo com a reposição do ácido<br />

folínico, pode causar teratogênese,<br />

mostrando a importância de iniciar<br />

o tratamento apenas quando se<br />

tem certeza de que há realmente<br />

uma infecção ativa8. Em 2010 foi<br />

aprovada a lei estadual n° 13.592<br />

onde, no Estado do Rio Grande do<br />

Sul, tornou-se obrigatório o exame<br />

de toxoplasmose em gestantes<br />

e recém-nascidos dos hospitais<br />

públicos e privados que dispõem do<br />

Sistema Único de Saúde (SUS) 12 .<br />

Um artigo de Quadros et al. (2015)<br />

mostra que na França, em 8 anos<br />

houve uma redução da prevalência<br />

de toxoplasmose de 10,5% com a<br />

implantação de medidas de higiene<br />

e mudança dos hábitos alimentares<br />

das gestantes 13 , isso mostra que<br />

se o SUS investir em políticas de<br />

prevenção e de conhecimento da<br />

toxoplasmose por parte da população<br />

a prevalência da doença tende a cair<br />

com o passar dos anos. Em Londrina,<br />

no Paraná, foi implantado no ano de<br />

2006 o “Programa de Vigilância da<br />

Toxoplasmose Congênita”, que em 4<br />

anos reduziu em 63% o número de<br />

gestantes infectadas e em 42% o<br />

número de crianças encaminhadas<br />

aos serviços de referência,<br />

aumentando a disponibilidade de<br />

vagas para que pacientes com outras<br />

doenças sejam atendidos 14 .<br />

De acordo com o Manual Técnico de<br />

Gestação de Alto Risco, do Ministério<br />

da Saúde (2012), recomenda-se<br />

a triagem por meio da detecção<br />

de anticorpos da classe IgG e IgM<br />

na primeira consulta de pré-natal,<br />

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<strong>Revista</strong> NewsLab <strong>Edição</strong> <strong>166</strong> | Julho 2021

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