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Revista Newslab Edição 166

Revista Newslab Edição 166 - Julho 2021

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Autoras: Stéfani Werlang Sacon, Allyne Cristina Grando<br />

ARTIGO CIENTÍFICO I<br />

caso a gestante tenha sorologia<br />

negativa para IgM e IgG no primeiro<br />

exame deverá ser realizado um<br />

acompanhamento sorológico a cada<br />

dois ou três meses 15 . Estudos que<br />

apontam que a gestação é uma forma<br />

de imunossupressão não descartam<br />

a reativação de infecção latente<br />

também em gestantes 8 , e ainda<br />

mostram a necessidade da utilização<br />

de outras técnicas no diagnóstico,<br />

pois a detecção de anticorpos tanto<br />

na mãe quanto no feto atingem<br />

um percentual de detecção de<br />

apenas 89,9% devido às mudanças<br />

hormonais na mãe e à imaturidade<br />

do sistema imunológico do recémnascido<br />

16 , nota-se também que a<br />

sensibilidade e especificidade da IgM<br />

não é de 100% como costuma-se<br />

pensar, ela varia de 77,5% a 99,1%<br />

e 93,3% a 100%, respectivamente8.<br />

Outros estudos também mostram que<br />

existem falhas na produção de IgM e<br />

IgG nas primeiras semanas da infecção,<br />

tornando difícil a correta detecção da<br />

parasitemia tanto no feto quanto na<br />

mãe 17 . Além disso, a detecção de IgM<br />

também só se mostra eficaz em 75%<br />

das crianças testadas 18 . A incerteza<br />

no diagnóstico pode condenar o feto<br />

a sequelas gravíssimas, que além de<br />

afetar a família afetariam a sociedade<br />

como um todo, pois os gastos gerados<br />

ao sistema público de saúde são<br />

indiscutivelmente elevados 8 .<br />

Em Bernardino do Campo, no<br />

estado de São Paulo, em um estudo<br />

realizado com amostras de soro<br />

de 308 gestantes, a prevalência de<br />

anticorpos IgM foi de 5,84% e a de<br />

IgG foi de 65,59%, sendo que 28,57%<br />

das gestantes ainda corriam risco<br />

de desenvolver a doença durante<br />

a gestação e prejudicar o feto 19 . No<br />

Paraná a prevalência de IgG positiva<br />

foi de 51,7%. A positividade de IgM<br />

foi detectada em 29 mulheres (1,3%)<br />

sendo que 28 delas possuíam IgG de<br />

alta avidez, indicativo de infecção<br />

anterior à gestação, não oferecendo<br />

riscos ao feto. Uma das gestantes<br />

que possuía IgG de alta avidez teve<br />

os anticorpos detectados apenas<br />

após a 16ª semana de gestação, o<br />

que não exclui a possibilidade de<br />

que ela tenha se contaminado com<br />

o parasita logo no início da gravidez<br />

e que o feto possa vir a desenvolver<br />

problemas 20 . No Noroeste do Rio<br />

Grande do Sul, foram analisadas<br />

amostras de 2.126 gestantes, sendo<br />

que 74,5% apresentaram anticorpos<br />

específicos anti-T. gondii, e 3,6%<br />

foram IgM reagentes. Em 25,1% das<br />

gestantes não foram identificados<br />

anticorpos, o que as torna suscetíveis<br />

à infecção durante a atual gestação<br />

ou em gestações futuras 5 . Estudos<br />

realizados na cidade de Santo Antônio<br />

da Patrulha, também no Rio Grande<br />

do Sul, apontam uma prevalência<br />

de toxoplasmose em gestantes de<br />

53,3% sendo que 46,7% estavam<br />

suscetíveis à infecção, neste estudo<br />

não foram detectados anticorpos<br />

IgM 21 . Em Hong Kong, na Argélia<br />

e na França foram encontradas<br />

prevalências de toxoplasmose em<br />

gestantes de 9,8%, 49% e 83%,<br />

respectivamente 5 .<br />

Transplantados e HIV Positivos<br />

A infecção por T. gondii e suas<br />

complicações em pacientes com<br />

Síndrome da Imunodeficiência<br />

Adquirida (AIDS) é considerada uma<br />

das maiores causas de mortalidade e<br />

complicações sistêmicas 17 . Embora<br />

seja rara em pacientes que recebem<br />

transplantes de órgãos sólidos,<br />

quando se manifesta a toxoplasmose<br />

disseminada é conhecidamente<br />

mortal, quando se manifesta traz<br />

complicações severas que em sua<br />

maioria levam a óbito, principalmente<br />

quando a terapia com cotrimazol é<br />

iniciada mais tarde do que deveria 22 .<br />

Nestes pacientes imunossupressos<br />

a toxoplasmose pode causar graves<br />

problemas, que serão fatais se não<br />

forem reconhecidos e tratados<br />

da forma correta e rapidamente.<br />

Normalmente nestes pacientes a<br />

infecção ocorreu antes de eles se<br />

tornarem imunossupressos, ficando<br />

em estado de latência e se reativando<br />

com o comprometimento do sistema<br />

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<strong>Revista</strong> NewsLab <strong>Edição</strong> <strong>166</strong> | Julho 2021

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