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imunológico, uma vez que são<br />
as imunidades celular e humoral<br />
que irão diminuir a velocidade de<br />
multiplicação do parasita (que<br />
assume forma cística de resistência)<br />
bem como sua ação patogênica nos<br />
tecidos 9 . Com a baixa capacidade<br />
de geração de anticorpos várias<br />
complicações podem surgir 17 , e sem<br />
o combate ao parasita cada vez mais<br />
danos poderão ser causados pela<br />
infecção 16 .<br />
Um relato de caso feito por<br />
Patrat-Delon et al. (2010) mostra<br />
que um paciente que recebeu um<br />
transplante de coração possuía<br />
sorologias indicativas de infecção<br />
passada, bem como o doador do<br />
órgão, ambos possuíam IgG positiva<br />
de alta avidez e IgM negativas. Ao<br />
realizar o transplante foi feita uma<br />
profilaxia padrão, que normalmente<br />
é utilizada contra Pneumocystis<br />
sp, antes do início da terapia de<br />
imunossupressão. Essa terapia<br />
padrão, ao ser interrompida para o<br />
início da imunossupressão, facilitou<br />
que o T. gondii se multiplicasse e<br />
causasse uma infecção disseminada<br />
no paciente. O paciente em questão<br />
seguiu com inúmeras complicações<br />
causadas tanto pelo T. gondii quanto<br />
por outros patógenos e precisou<br />
ficar internado em uma clínica de<br />
reabilitação por mais de um ano 22 .<br />
Normalmente os transplantes<br />
de coração e coração-pulmão<br />
associados estão mais ligados à<br />
transmissão do T. gondii a receptores<br />
de órgãos soronegativos 23,24 , já os<br />
transplantes de medula óssea estão<br />
associados à reativação da doença<br />
passada, sendo estes os que possuem<br />
uma maior taxa de mortalidade 22 .<br />
A reativação da doença também pode<br />
ocorrer em pacientes HIV positivos que<br />
não seguem o tratamento corretamente,<br />
e com pessoas recebendo quaisquer<br />
terapias imunossupressoras. Existem<br />
casos, embora raros, de infecção<br />
primária após o transplante, sendo estes<br />
os pacientes que não apresentavam<br />
nem IgM e nem IgG positivas antes<br />
da imunossupressão. No caso de um<br />
transplante de órgão sólido, o órgão<br />
pode estar contaminado com a forma<br />
latente do parasita em forma cística,<br />
o bradizoíto, que comumente fica em<br />
forma de latência no coração, no cérebro<br />
e no músculo esquelético 16,23 , após o<br />
transplante o protozoário será carreado<br />
pelo órgão até o receptor, que por estar<br />
imunossupresso irá desenvolver sintomas<br />
graves como, por exemplo, encefalite,<br />
miocardite e infecção sistêmica, e em<br />
raros casos pneumonia 25 . Um estudo<br />
feito por Robert-Gangneux et al. (2015)<br />
mostrou que a detecção do T. gondii em<br />
imunossupressos foi muito maior nos<br />
pacientes que não eram portadores do<br />
vírus HIV, sendo estes pacientes os que<br />
receberam algum transplante e estão<br />
em tratamento com imunossupressor 24 .<br />
De acordo com Weiss e Dubey (2009)<br />
a incidência de toxoplasmose devido<br />
a transplantes de órgãos é atualmente<br />
desconhecida, pois não há um registro<br />
definitivo feito destes casos 1,24 , mas<br />
alguns estudos retrospectivos são<br />
mostrados na Tabela 1. O número de<br />
mortes por toxoplasmose vistos neste<br />
estudo não são expressivos, mas como<br />
diversos pacientes foram perdidos<br />
para acompanhamento muitos casos<br />
ARTIGO CIENTÍFICO I<br />
<strong>Revista</strong> NewsLab <strong>Edição</strong> <strong>166</strong> | Julho 2021<br />
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