edição de 15 de abril de 2024
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opinião<br />
Divulgação<br />
Comunicação no agro<br />
Ricardo Nico<strong>de</strong>mos<br />
Um anúncio <strong>de</strong> revista <strong>de</strong> 1979, premiado no 4º Anuário<br />
do Clube <strong>de</strong> Criação <strong>de</strong> São Paulo, comunicava<br />
um empreendimento <strong>de</strong> reflorestamento com<br />
o título: “Quando o campo é pobre, a esperança vem<br />
morrer na cida<strong>de</strong>. Um dia o homem do campo se cansa<br />
da dureza da terra e da dureza da vida, junta as últimas<br />
esperanças e vem para a cida<strong>de</strong>.”<br />
comunicação e em eventos superam e muito outros<br />
mercados tidos como gran<strong>de</strong>s anunciantes.<br />
O agro é o único setor que mantém seis canais especializados<br />
<strong>de</strong> TV com programação ininterrupta tratando<br />
<strong>de</strong> agropecuária, oferece mais <strong>de</strong> 30 títulos <strong>de</strong> revistas<br />
e jornais, inúmeros programas <strong>de</strong> rádios e TV aberta por<br />
todo o país, incontáveis portais e sites e ainda comunicadores<br />
e influenciadores regionais.<br />
Ricardo Nico<strong>de</strong>mos<br />
é presi<strong>de</strong>nte da Associação Brasileira <strong>de</strong><br />
Marketing Rural e Agro (ABMRA)<br />
ricardo.nico<strong>de</strong>mos@abmra.org.br<br />
Naquela época, o Brasil presenciava uma iminente<br />
crise <strong>de</strong> insegurança alimentar. Éramos um dos maiores<br />
importadores <strong>de</strong> alimentos do mundo, sobretudo <strong>de</strong><br />
grãos e <strong>de</strong> proteína animal. Mas, 45 anos se passaram e,<br />
o que antes era pobreza e fragilida<strong>de</strong>, se transformou<br />
em riqueza e força.<br />
Nos últimos anos, o agro tem representado quase<br />
25% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. O crescimento<br />
robusto do setor impulsionou o PIB nacional, que<br />
registrou um aumento <strong>de</strong> 2,9% em 2023. No mesmo ano,<br />
o agronegócio proporcionou mais <strong>de</strong> 28 milhões <strong>de</strong> empregos,<br />
<strong>de</strong> acordo com o Centro <strong>de</strong> Estudos Avançados<br />
em Economia Aplicada (Cepea) e a Confe<strong>de</strong>ração da Agricultura<br />
e Pecuária do Brasil (CNA).<br />
O Brasil ocupa o lugar <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança mundial em diversos<br />
produtos como a soja, o café, a cana-<strong>de</strong>-açúcar e<br />
o suco <strong>de</strong> laranja, além da carne bovina, aves e suínos.<br />
É certo que toda esta mudança <strong>de</strong> cenário só aconteceu<br />
porque muitos acreditaram, trabalharam, investiram<br />
esforços e recursos, mas os profissionais do marketing<br />
e da comunicação também tiveram e têm gran<strong>de</strong><br />
participação em todas as transformações que o agro<br />
presenciou nas últimas décadas.<br />
Nesse cenário, on<strong>de</strong> os ciclos <strong>de</strong> cultivo, colheita e<br />
manejo animal guiam todo o ritmo <strong>de</strong> trabalho, o papel<br />
do marketing se torna essencial não apenas para<br />
promover produtos e serviços, mas também para estabelecer<br />
uma relação <strong>de</strong> confiança entre as marcas e os<br />
produtores.<br />
Embora ainda não haja aferição <strong>de</strong> pesquisas, sabe-<br />
-se que os investimentos realizados em marketing, em<br />
Neste setor é preciso enten<strong>de</strong>r qual a cultura agrícola,<br />
o perfil do produtor e em qual região ele está para<br />
você <strong>de</strong>terminar qual meio utilizar, antes <strong>de</strong> abolir qualquer<br />
opção. Um bom exemplo para falar <strong>de</strong> singularida<strong>de</strong><br />
do campo são as revistas. Enquanto na cida<strong>de</strong>, fora da<br />
porteira, esse meio quase já não aparece nos planos <strong>de</strong><br />
mídia, no agro é um pouco diferente.<br />
A 8ª ‘Pesquisa ABMRA Hábitos do Produtor Rural’ mostra<br />
que 71% dos produtores <strong>de</strong> batata do Paraná leem<br />
revista. Em São Paulo, esse índice cai para 36% quando o<br />
público são produtores <strong>de</strong> tomate. A pesquisa também<br />
indica que no Pará apenas 47% dos agricultores e pecuaristas<br />
têm acesso à internet.<br />
Por outro lado, no outro extremo, essa taxa sobe para<br />
92% no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, consi<strong>de</strong>rando igualmente agricultores<br />
e pecuaristas, <strong>de</strong> todos os portes.<br />
Por isso, em uma estratégia <strong>de</strong> comunicação, consi<strong>de</strong>rar<br />
que todos os produtores têm internet <strong>de</strong> forma<br />
linear é um equívoco e po<strong>de</strong> comprometer seriamente<br />
qualquer campanha.<br />
A i<strong>de</strong>ntificação entre as marcas e os produtores, que<br />
são os clientes principais das empresas, <strong>de</strong>ve ser trabalhada<br />
a partir <strong>de</strong> uma conexão emocional, enten<strong>de</strong>ndo<br />
as necessida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>safios específicos <strong>de</strong> cada perfil.<br />
Ao final, concluo: seja aqui ou em qualquer parte do<br />
mundo, o marketing e a comunicação são fundamentais<br />
para o crescimento e o <strong>de</strong>senvolvimento do agronegócio.<br />
E será com boas estratégias e com boa propaganda<br />
criada por agências e veiculadas em meios <strong>de</strong> mídia<br />
que po<strong>de</strong>remos ser vistos como o verda<strong>de</strong>iro celeiro<br />
do mundo.<br />
“O marketing e a<br />
comunicação são<br />
fundamentais para<br />
o crescimento e o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento do<br />
agronegócio”<br />
jornal propmark - <strong>15</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2024</strong> 41