10.01.2013 Views

Governo Electrónico - Universidade do Minho

Governo Electrónico - Universidade do Minho

Governo Electrónico - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

84 Capítulo 3: Fundamentação e Descrição <strong>do</strong> Estu<strong>do</strong><br />

A dimensão meto<strong>do</strong>lógica está relacionada com o mo<strong>do</strong> como se investiga e obtém<br />

conhecimento acerca da ―realidade‖, ou <strong>do</strong> fenómeno em estu<strong>do</strong>, ou seja, com a forma de<br />

conseguir conhecer aquilo que se acredita que pode ser conheci<strong>do</strong> [Burrell e Morgan 1979; Guba e<br />

Lincoln 1994]. De forma simplista, a discussão nesta dimensão desenrola-se entre uma posição<br />

que defende a utilização de uma forma de lógica dedutiva, focada no teste de teorias e hipóteses<br />

identificadas e escolhidas no início <strong>do</strong> processo de investigação, e em que a ênfase é colocada na<br />

procura de leis universais, baseadas em regularidades e relações causais, que expliquem e<br />

governem a realidade que está a ser investigada, e uma posição alternativa em que a ênfase é<br />

colocada na compreensão da forma como cada indivíduo cria, modifica e interpreta a ―realidade‖, e<br />

em que há prevalência de a<strong>do</strong>pção de uma lógica indutiva, em que os constructos relevantes<br />

emergem ao longo da investigação, permitin<strong>do</strong> o reconhecimento de padrões e o desenvolvimento<br />

de teorias que ajudam a compreender a ―realidade‖ ou fenómeno em estu<strong>do</strong> [Burrell e Morgan<br />

1979; Creswell 1994].<br />

Ontologicamente, o paradigma construtivista preconiza uma filosofia idealista, segun<strong>do</strong> a qual<br />

a ―realidade‖ não existe independentemente da mente das pessoas. Embora não considerem,<br />

necessariamente, o ―mun<strong>do</strong>‖ como inexistente e irreal, os construtivistas defendem que não existe<br />

um acesso directo e não media<strong>do</strong> a esse ―mun<strong>do</strong>‖ [Schwandt 1994]. Com efeito, aquilo que os<br />

construtivistas clamam ser real não é a ―realidade‖, mas a construção mental que os indivíduos<br />

têm dessa ―realidade‖. Baseiam-se na ideia de que o ―mun<strong>do</strong>‖ não existe de forma objectiva e<br />

independente, à espera de ser descoberto pelos investiga<strong>do</strong>res, sen<strong>do</strong> antes construí<strong>do</strong> pelos<br />

actores humanos [Greene 2000].<br />

Em termos epistemológicos o construtivismo é relativista e pluralista, já que defende que a<br />

realidade é apreendida sob a forma de múltiplas e intangíveis construções mentais, que são social e<br />

experimentalmente determinadas, que têm uma natureza local e específica (embora alguns<br />

elementos dessa realidade sejam muitas vezes partilha<strong>do</strong>s por muitos indivíduos), e cuja forma e<br />

conteú<strong>do</strong> são dependentes das pessoas que as preconizam [Guba e Lincoln 1994]. Ou seja, o<br />

conhecimento não é descoberto mas sim construí<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> estas construções inevitavelmente<br />

influenciadas por uma dimensão histórica, sociocultural e prática específicas, que as torna múltiplas<br />

e plurais, contingentes e contextuais [Greene 2000].<br />

As construções não são por isso consideradas pelos construtivistas como mais ou menos<br />

―verdadeiras‖, mas simplesmente mais ou menos informadas e sofisticadas. O conhecimento e a

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!