Governo Electrónico - Universidade do Minho

108 Capítulo 3: Fundamentação e Descrição do Estudo
Os parágrafos seguintes descrevem e justificam as decisões tomadas para cada um dos
principais aspectos analisados, nomeadamente: quem deve constituir o painel de peritos, como
fazer a abordagem aos membros do painel, como iniciar a primeira ronda do estudo, como gerar a
lista de itens a utilizar na primeira ronda, como estruturar o questionário, qual o critério de paragem
a adoptar, que informação de feedback deve ser disponibilizada aos peritos em cada ronda e que
meio utilizar para conduzir o estudo Delphi.
Quem deve constituir o painel de peritos
A composição do painel de especialistas ou peritos que são envolvidos num estudo Delphi é
apontada na literatura como uma das questões, simultaneamente, mais críticas e mais criticadas na
condução deste tipo de estudos. Crítica, na medida em que a maturidade e composição do painel
podem influenciar significativamente a validade do conteúdo de um estudo Delphi [Mulligan 2002].
Criticada, pelo facto de constituir um dos aspectos mais negligenciados na concepção e condução
de estudos Delphi, sendo poucos os autores que especificam claramente o procedimento utilizado
para a selecção do painel [Okoli e Pawlowski 2004; Williams e Webb 1994]. A negligência é
também evidente no que concerne aos trabalhos que se debruçam especificamente sobre o estudo
e avaliação do próprio método Delphi [Dalkey 1969; Gupta e Clarke 1996; Keeney et al. 2001;
Landeta 2006; Rowe e Wright 1999; Scheibe et al. 1975; Williams e Webb 1994]. De facto, a
revisão efectuada de vários estudos desta índole permitiu constatar que estes não adiantam
sugestões nem recomendações específicas acerca da dimensão e do modo como efectuar a
escolha do painel, sendo apenas sugerido que a selecção dos intervenientes não deve ser baseada
num processo de amostragem aleatória mas num processo de amostragem não aleatória do tipo
amostragem de especialistas, em que a escolha é efectuada de um modo selectivo e dirigido para
os indivíduos considerados peritos na área em estudo [Mitroff e Turoff 1975].
Um dos poucos estudos publicados onde é descrito um procedimento mais estruturado e
detalhado para a identificação do painel é da autoria de Okoli e Pawlowski. Com base num conjunto
de recomendações proposto por Delcebq para a constituição de grupos nominais, Okoli e Pawlowski
[2004] definiram um procedimento iterativo, constituído por cinco passos, para a identificação dos
peritos de um estudo Delphi.
Partindo da proposta apresentada por Okoli e Pawlowski, e tendo em consideração as
especificidades deste projecto de investigação, nomeadamente a sua natureza e o seu propósito, o
processo de constituição do painel foi, neste trabalho, estruturado nos seguintes passos: Passo 1 –