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<strong>EMBAIXO</strong> das velhas <strong>ESTRELAS</strong><br />
para pedras maiores. As pedras arredondadas lembravam as do<br />
riacho. O caminho talvez tivesse um palmo de profundidade<br />
em relação às margens. Talvez caminhasse sobre um riacho<br />
seco, um afluente morto do vizinho que corria paralelo. Essa<br />
idéia despertou-lhe várias outras, tentou imaginar-se um peixe<br />
e misturar sua visão de mundo com a do animal, a brincadeira<br />
não durou muito, pois ele não sabia ao certo como enxergava<br />
o mundo. depois, a visão do que imaginava ser um riacho<br />
seco, o fez se lembrar de fósseis de animais e plantas que havia<br />
visto no tempo de infância. Essa recordação trouxe consigo os<br />
inevitáveis mergulhos no mistério-tempo.<br />
Imaginava o grande sanduíche a que tudo será submetido<br />
até que seus contornos fiquem impressos em rocha. Perguntouse<br />
se talvez o mais importante não seria existir no mundo<br />
concreto, do que no abstrato. Quanto tempo havia durado<br />
a mais antiga demonstração abstrata de vida, talvez existam<br />
objetos de arte, ou algo que lembre ela, com trinta mil anos,<br />
digamos que eles resistam mais vinte mil, entretanto a vida<br />
concreta impressa em pedra, os dedos do lagarto que deixavam<br />
ver como ele arrastou-se pela terra, estavam há muitos milhões<br />
de anos perpetuando sua existência. Continuou o raciocínio<br />
que lhe pedia para que tentasse enxergar a vida e o mundo da<br />
maneira mais ampla possível, com olhos que, desamarrados<br />
do tempo, enxergassem muito além da história... o mundo em<br />
que vivemos nos diz “nossa essência lenta tem de ser lapidada,<br />
o refinamento da inteligência e dos sentimentos é o caminho<br />
da evolução”, mas talvez a evolução seja cíclica e não linear e<br />
se, após a Idade Média aconteceu o Renascimento, talvez no<br />
futuro voltemos para as matas. E o espírito, que levou séculos<br />
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