Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
126<br />
<strong>EMBAIXO</strong> das velhas <strong>ESTRELAS</strong><br />
antes de se levantar. Continuou observando a mudança, como<br />
acontece o nascimento de um dia, como é o caminho que a luz<br />
percorre para iluminar a última folha escondida de um arbusto.<br />
do estado contemplativo foi conduzido a algumas reflexões<br />
sobre o que havia sentido, na verdade eram sensações que<br />
procurava cristalizar em pensamento: as luzes que destroem<br />
a escuridão são forças vitais que se manifestam de muitas<br />
maneiras, de formas mais ou menos aparentes. uma luz não<br />
existe se tudo o que existir forem luzes. E para que uma nasça<br />
outra deve morrer e deixar um espaço escuro. Esse grande<br />
ciclo vital move o universo. Somos ao mesmo tempo causa e<br />
conseqüência desse grande processo de formação de sombras.<br />
Numa eventual viagem para nosso interior mais profundo,<br />
repararemos que o esqueleto básico desse sistema sempre<br />
se repetirá. Aconteceria o mesmo, se ao invés de viajarmos<br />
para dentro, saíssemos do sistema solar e chegássemos à exata<br />
fronteira entre a existência e o nada: repetição de padrões.<br />
Enquanto ele raciocinava sobre se o esqueleto de luzes<br />
também aconteceria além dos limites da existência, foi<br />
interrompido por um acontecimento que capturou toda sua<br />
atenção. A noite realmente agonizava, os primeiros raios de<br />
sol deixavam grandes manchas amarelas sobre a lama marrom.<br />
O verde escuro era perfurado por luzes que atravessavam<br />
as primeiras camadas de folhas. As flores revelavam suas<br />
cores que se misturavam entre si e com o amarelo dos raios<br />
de sol da manhã. Mas não foi a exuberância de misturas<br />
e tonalidades que chamou sua atenção, foi um detalhe. A<br />
natureza oferecia buquês multicolores de pequenas e grandes