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<strong>EMBAIXO</strong> das velhas <strong>ESTRELAS</strong><br />
vilarejo. Quando percebeu estava novamente emaranhado em<br />
ódios e julgamentos.<br />
Percebeu isso a tempo e procurou se esquecer dos bons<br />
momentos vividos, queria cortar o novelo em seu começo para<br />
se desembaraçar da parte que não lhe interessava.<br />
Após o corte sentiu que algo o incomodava. Era aquilo<br />
que havia temido, mas cujo temor tinha sido encoberto<br />
pela sucessão de pensamentos. Seus pés estavam perdendo<br />
o conforto da terra macia, as pedras estavam de volta. No<br />
começo eram pedrinhas pequenas que incomodavam um<br />
pouco, mas não impediam que ele continuasse, mas elas<br />
foram aumentando até chegarem a pedras pontudas quase<br />
do tamanho de seus pés. Aquele caminho não era feito para<br />
se andar descalço. Foi obrigado a parar. Sentou-se sobre uma<br />
pedra grande e tentou imaginar uma saída. Analisando todas<br />
as possibilidades não encontrou nenhuma, se continuasse iria<br />
destruir seus pés, que para ele tinham uma importância muito<br />
maior do que seus braços.<br />
Lembrou-se dos tamancos feitos com folhas de palmeira,<br />
de como tinham sido úteis. Lembrou-se também que os havia<br />
jogado fora. Mesmo percebendo que a vida funciona em ciclos<br />
repetitivos, jogou-os fora. Questionou-se então se talvez,<br />
inconscientemente, ele não havia desejado estar exatamente na<br />
situação em que se encontrava. Não conseguiu chegar a uma<br />
resposta, mas não encontrou razões sólidas para que desejasse<br />
se auto-punir de maneira tão severa. Atribuiu a falta de<br />
prevenção a um puro relaxo, sentiu-se estúpido.<br />
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