You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
120<br />
<strong>EMBAIXO</strong> das velhas <strong>ESTRELAS</strong><br />
Procurou evitar que qualquer idéia dominasse integralmente<br />
seus pensamentos, defendeu-se espalhando sua atenção por<br />
diversos compartimentos.<br />
Sentiu o cheiro de manhã que exalava da flor. Os símbolos<br />
conseguiram que seu cérebro refletisse sobre eles. Os objetos<br />
seriam concentrações simbólicas de realidades desconhecidas.<br />
O que ele tinha na sua frente era a essência de uma força pura da<br />
natureza. A representação daquilo que não possui condensações<br />
mortas de energia não circulante.<br />
Sentiu-se invadido por uma sensação de devoção, respeitava<br />
aquele pedaço de natureza perfeita. Começou a tentar<br />
identificar em si mesmo onde estavam os bloqueios que o<br />
separavam daquela perfeição. Eram tantas as possibilidades de<br />
começo e fim, que decidiu esquecer-se de si e pensar na grande<br />
flor do caminho. Foi sendo cada vez mais pressionado pelo<br />
peso do perfeito. Estava a um passo de ceder e entregar-se à<br />
devoção.<br />
Abriu os olhos e as coisas se modificaram. Ele, que até então<br />
não havia pensado na cor da grande flor, agora começava a<br />
enxergá-la. A noite começava a morrer e lentamente todas as<br />
cores nasciam. Os símbolos começavam por um amarelo vivo<br />
dos estames, e se expandiam por um vermelho sangue que<br />
terminava num roxo escuro, ainda bastante encoberto pelas<br />
sombras da noite.<br />
Sua devoção abandonou as fronteiras da flor e espalhouse<br />
por todo seu campo de visão. As estrelas permaneciam