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<strong>EMBAIXO</strong> das velhas <strong>ESTRELAS</strong><br />
verdes fosforescentes, plácido, a um azul celeste que refletia<br />
a luz de fim de tarde. dois adjetivos que de uma certa forma<br />
se compensavam, talvez então, se somasse e diminuísse as<br />
impressões que todas aquelas cores faziam em sua retina,<br />
também houvesse a mesma compensação. Então, teria uma<br />
prova científica de que a vida e o mundo são neutros.<br />
A rolha da vida o olhava, e ele percebeu que sua relação com<br />
ela não teria mais nenhum sentido em prosseguir. Continuou<br />
a caminhada, já no primeiro passo a forma rochosa havia<br />
escorrido de sua memória.<br />
As luzes do dia festejavam o final de sua vida bem vivida, o<br />
céu ia perdendo o brilho, mas a noite não parecia que queria<br />
chegar. As flores chamavam-no para perto delas, a distância<br />
havia diminuído, e apesar de conseguir identificar os arbustos e<br />
ter certeza de que o que enxergava não era mentira, continuava<br />
havendo algo de irreal naquilo que via. Mas o irreal também tem<br />
direito de existir. Percebeu que esse mesmo toque de irrealidade<br />
repetia-se na coloração do céu. Os tons lilases, dourados e azul<br />
misturavam-se, e a impressão que tinha era que aquilo era um<br />
cenário pintado. As cores não pareciam ter profundidade e seus<br />
tons eram perfeitos demais para serem reais.<br />
de qualquer forma, mesmo que o céu fosse mentiroso, ele<br />
teria de fingir que continuava acreditando nele, porque se até<br />
dele começasse a descrer, nada mais lhe restaria.<br />
Continuava caminhando e olhando para baixo, para que<br />
pudesse se surpreender com a distância que diminuía. A