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<strong>EMBAIXO</strong> das velhas <strong>ESTRELAS</strong><br />
Para ele a raiz de todos os medos era a idéia de que as coisas<br />
têm apenas uma existência física, sem existirem paralelamente<br />
no mundo das idéias. A partir do momento em que um objeto<br />
ou uma pessoa existe apenas no mundo físico, ela está sujeita<br />
a desaparecer dele a qualquer instante, e aí nasce o medo. As<br />
religiões, o que faziam, era transportar esse mesmo mundo<br />
físico para um falso mundo de idéias, mas que continuava<br />
obedecendo às regras do mundo físico. desta forma o se<strong>guido</strong>r<br />
de religiões tinha duas vezes mais chances de ter medo do que<br />
aquele que não as segue.<br />
O mundo das idéias estava abrindo-se para ele, poderia<br />
ser seu refúgio e fonte energética. Sabia, porém, que precisava<br />
buscar um equilíbrio, não poderia viver num mundo onde<br />
ninguém tem um corpo a nutrir. Gostava do mundo físico e de<br />
suas sensações e não queria abandoná-lo. Nesse instante uma<br />
brisa noturna soprou trazendo o aroma das flores que estavam<br />
em volta. Era o mundo físico mostrando-se em sua exuberância,<br />
parecia que não queria perder um servidor fiel.<br />
Como havia decidido pelo equilíbrio, aceitou o aroma das<br />
flores imaginando-as em sua beleza máxima. Mas logo percebeu<br />
que dessa forma estava apenas reproduzindo imagens físicas no<br />
plano mental, sem realmente modificar nada. O que teria de<br />
fazer seria imaginar a essência dessas flores, a idéia primeira,<br />
fonte geradora daqueles aromas. dessa forma ele estaria<br />
moendo as folhas da vida para extrair-lhes o suco, e depois<br />
de bebê-lo, conseguiria enxergar como funciona a sutileza do<br />
verbo viver.