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<strong>EMBAIXO</strong> das velhas <strong>ESTRELAS</strong><br />
raios começarem a atacar seus olhos, mas dessa vez a luz parecia<br />
inofensiva. Iluminava suas pupilas da mesma forma que as<br />
cascas das árvores. Mas seus olhos serenos estavam indiferentes<br />
a esses ataques. Sentia-se vivo.<br />
Foi justamente essa sensação que o fez lembrar-se que havia<br />
um bom tempo que ele não via nem escutava qualquer forma<br />
de vida. A natureza parece que havia silenciado por completo.<br />
Nem insetos encontrava no chão. O único ruído era o de seus<br />
passos e o do riacho. Sentiu-se o único ser vivo do mundo, a<br />
testemunha solitária de uma existência mineral e vegetal.<br />
Como sentia-se mais leve, presenteou-se com um pouco de<br />
fantasia. Imaginou seu reinado solitário como única consciência<br />
viva. Existindo e tendo a noção disso. Suas imaginação<br />
borbulhava mas suas pernas prosseguiam, acompanhando<br />
o leito do riacho. um pedaço de papel apareceu à sua frente,<br />
estava escrito à mão e informava-o ser ele o último organismo<br />
biológico da face da Terra. As bolhas da fervura de sua<br />
imaginação escorreram para fora da panela e desenharam com<br />
suas formas um mundo onde ele fosse o único sobrevivente.<br />
depois de apanhar o papel no chão e lê-lo, sua reação foi<br />
nenhuma. Não demonstrou emoções e nem indicou com o<br />
corpo que iria tomar alguma decisão.<br />
Enquanto isso suas outras pernas, aquelas que não tinham<br />
lido o bilhete, continuavam acompanhando o traçado do riacho.<br />
Parado, parecia estar olhando todas as opções que se ofereciam.<br />
E eram tantas que se sentia como se fosse nenhuma.<br />
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