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<strong>EMBAIXO</strong> das velhas <strong>ESTRELAS</strong><br />
existir, da mesma forma que uma sacola plástica quando é<br />
jogada de um lado para o outro por uma rajada de vento. Todos<br />
esses graus de aceitação, manifestados de maneira cromática,<br />
conviviam lado a lado. Alguns pedaços de verde pareciam veias<br />
pulsantes, loucas para jorrar sangue, e esses pedaços irrequietos<br />
de rocha colorida uniam-se a plácidos amarelos, que pareciam<br />
que sempre foram e sempre seriam pedaços de rochas coloridas.<br />
E caso recebessem o fluxo de vida que seus vizinhos estavam<br />
loucos para despejar-lhes, provavelmente continuariam se<br />
comportando como rochas amarelas. As conexões eram tantas<br />
e tão variadas, que talvez simplesmente tivesse de se conformar<br />
que não daria conta de compreendê-las.<br />
um roxo de um brilho intenso o fez lembrar-se de suas<br />
manchas na pele. decidiu abandonar as cores e ater-se às<br />
formas. Havia um núcleo central, que era a parte azul que<br />
havia enxergado primeiro, desse núcleo partiam braços (ou<br />
pernas) curvos, que acabavam conectando-se entre si. A forma<br />
toda parecia integrada e nenhuma de suas curvas parecia<br />
sem função. Entretanto, ele não poderia dizer que aquela<br />
era uma forma geométrica ou matemática. Se dissesse isso<br />
teria de dizer a mesma coisa de si próprio. As grandes formas<br />
compridas lembravam as patas de uma aranha. Procurou<br />
reconhecer na pedra azul o corpo e os olhos, mas aquilo não<br />
era uma aranha.<br />
Lembrou-se de que uma vez havia lido algo a respeito dos<br />
mil ângulos diferentes de visão desses animais, talvez aquela<br />
forma representasse o que uma aranha enxerga quando se olha<br />
no espelho.