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<strong>EMBAIXO</strong> das velhas <strong>ESTRELAS</strong><br />
profunda. A linha reta do seu contato com o que havia fora<br />
de si, permanecia a mesma, mas os pequenos detalhes tinham<br />
mudado e continuavam mudando. uma flor continuava sendo<br />
flor, mas ao mesmo tempo era símbolo, além disso, uma flor<br />
era um monte de pétalas reunidas, idéia que ele nunca teria<br />
anteriormente, e a flor também era cor. E essa cor o transmitia<br />
a um mundo mental onde entrava em contato com idéias e<br />
objetos (dentre eles até algumas flores), e então ele percebia as<br />
semelhanças entre essências de coisas aparentemente diferentes.<br />
E até parentescos entre objetos e idéias. Isso acabou tornando<br />
a flor muito menos importante do que quando ele ainda se<br />
relacionava com o mundo do jeito antigo. Na nova maneira o<br />
que havia era uma perda de importância das individualidades,<br />
dos tijolos da realidade, porque todos pareciam aparentemente,<br />
complementos dos outros. As flores encontravam maneiras de<br />
se unirem ao céu, a água do riacho era também ele próprio.<br />
Ele percebeu tudo isso. Não sabia as causas dessas<br />
mudanças, mas também não estava preocupado em descobrilas.<br />
A caminhada continuava. Olhando para cima encontrou<br />
uma nuvem no céu que se parecia muito com os arbustos que<br />
estavam ao seu redor. Era seu mundo mental, que soldava os<br />
diferentes unindo realidades. Reparou então que sua maneira<br />
de pensar havia se suavizado e isso acompanhava as mudanças da<br />
paisagem. da mais soterrada de suas idéias, até a mais distante<br />
nuvem, tudo parecia seguir uma lógica de desenvolvimento.<br />
Por um instante teve vontade de contrariar essa matemática<br />
secreta. Pararia de andar, voltaria pelo caminho já percorrido.<br />
desejou ser uma rachadura no vaso perfeito. Imediatamente a<br />
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