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<strong>EMBAIXO</strong> das velhas <strong>ESTRELAS</strong><br />
impalpável, louvamos a união dos instantes, sem nunca duvidar<br />
de que seja uma verdade absoluta. Sem nunca suspeitar que o<br />
papel impermeável que embala cada segundo, não permite que<br />
eles se fundam.<br />
Ele sorriu de tudo isso, sorriu do que dentro de si, não pode<br />
ser consertado. Sorriu da imensa corrente indestrutível que para<br />
sempre ficará atada a seus pés. E foi sorrindo, que esse homem<br />
coberto de manchas roxas começou sua caminhada para onde<br />
o humano havia se tornado flor.<br />
Não tinha idéia da distância que o separava de seu objetivo,<br />
mas sabia que não era pequena. Entretanto, depois que os<br />
arbustos uniam seus buquês, parecia-lhe que não havia mais fim<br />
para esse novo mundo. devido à planície do terreno, conseguia<br />
enxergar muito longe, e até a linha do horizonte cobria-se por<br />
essa substância multicolor. de longe os arbustos individuais<br />
desapareciam confundindo-se num grande borrão colorido.<br />
O sol estava cada vez mais próximo do desaparecimento e<br />
escolhera sumir exatamente na direção das flores. A idéia de<br />
que esse fato poderia tornar a beleza do que enxergava quase<br />
insuportável, o levou a concluir que a beleza excessiva é tão<br />
benéfica e nociva quanto a feiúra demasiada. Por alguns instantes<br />
desconfiou de para onde estava caminhando, achou que talvez<br />
aquilo pudesse ser pior que seu vilarejo, onde no final das contas<br />
poderia encontrar porções de beleza espremidas pelos cantos.<br />
Mas seus passos eram naturais, seu corpo encaminhava-se para<br />
aquele lugar, e havia muito pouco o que fazer para impedir.